O que é saturação de oxigênio e como medi-la?
A saturação de oxigênio no sangue influencia um grande número de funções do organismo humano. Várias doenças podem afetá-la e existem alguns métodos (invasivos e não invasivos) para medi-la.
A seguir, trazemos um breve artigo sobre este aspecto tão interessante da saúde. Continue lendo para mais informações!
Alguns aspectos da fisiologia humana
O oxigênio é muito abundante no meio ambiente do planeta Terra. Embora essa medida possa variar dependendo de diversos fatores, estima-se que o oxigênio represente cerca de 21% dos elementos do ar, sendo muito importante para os seres vivos.
Ele é usado, do ponto de vista molecular, para gerar energia de uma forma muito mais eficiente. No caso dos seres humanos, esse processo é chamado de respiração aeróbica. Como resultado, é produzido dióxido de carbono (CO2), uma substância “residual”, uma vez que não cumpre outras funções no organismo humano (mas sim na natureza).
Conforme a concentração de oxigênio no ambiente diminui (como ocorre em grandes altitudes), os órgãos começam a falhar por falta de energia. Existem alguns mecanismos de compensação nessas situações, mas eles geralmente ocorrem depois de vários meses de exposição.
A entrada de oxigênio, assim como a eliminação do dióxido de carbono, ocorre através do sistema respiratório. Os pulmões são os principais órgãos desse sistema e, do ponto de vista microscópico, eles possuem estruturas chamadas de alvéolos, que têm forma de saco e paredes muito finas.
Essas paredes têm uma ligação estreita com os vasos sanguíneos chamados de capilares (que transportam o dióxido de carbono dos tecidos). Durante a ventilação, o oxigênio inspirado passa para os capilares a fim de se deslocar para o restante do corpo, enquanto o CO2 passa para os alvéolos, tendo como objetivo a sua eliminação atravás da expiração.
Este último processo é conhecido como troca gasosa e há diversos fatores que podem alterar o seu funcionamento.
O que a saturação de oxigênio informa?
O termo saturação se refere apenas à quantidade de um determinado gás em um meio líquido, expressa em uma porcentagem (%). Nesse caso, trata-se da quantidade de oxigênio no sangue.
Este elemento é encontrado ligado à hemoglobina, uma molécula dentro dos glóbulos vermelhos ou eritrócitos. Sua diminuição patológica causa a anemia, sendo a doença falciforme uma das mais importantes.
Em pessoas saudáveis, a variação normal fica entre 95-99%. Nesses níveis, todos os órgãos e tecidos contam com um suprimento adequado de oxigênio para funcionar corretamente. Sem dúvida, isso também depende de outros fatores, como a presença de macronutrientes no organismo, bem como do correto funcionamento do sistema cardiovascular.
Do ponto de vista clínico, os médicos geralmente determinam esse parâmetro para detectar falhas no sistema pulmonar. Conforme você verá mais adiante, existem vários métodos para fazer esta medição. Felizmente, o uso de oxímetros é uma forma não invasiva, barata e de fácil acesso para tomar decisões quando a vida de um paciente está em jogo.
Existem várias denominações para expressar a saturação de oxigênio, dependendo da estrutura vascular envolvida. Algumas delas são as seguintes:
- S02: esta é a medição geral.
- Sa02: refere-se à saturação arterial.
- Sv02: é o caso da saturação venosa.
- PaO2: significa pressão parcial de oxigênio e só pode ser medida com gasometria arterial.
Como medir a saturação de oxigênio?
Existem vários métodos para realizar esta medição. O principal, por causa da facilidade de acesso e uso, é o oxímetro de pulso. Embora durante anos ele tenha sido utilizado como uma ferramenta de uso exclusivo de profissionais da saúde e pacientes com doenças pulmonares graves, como resultado da pandemia de COVID-19, ele passou a estar presente em muitos lares.
Trata-se de um método não invasivo e barato para estimar a saturação de oxigênio. Na maioria dos casos, consiste em um pequeno dispositivo (com cerca de 6×5 cm), que pode ser aberto e inserido em um dos dedos do paciente.
Ele emite luzes que “atravessam” o dedo do paciente e são captadas por um detector na outra extremidade do aparelho, permitindo assim que a saturação de hemoglobina seja determinada.
Além disso, esta é uma técnica indolor que pode ser realizada a qualquer momento. Tem a desvantagem de não ser totalmente precisa e, portanto, não existe um valor exato que possa ser definido como grave. Em geral, quando há uma saturação abaixo de 90%, é necessário solicitar uma avaliação médica para verificar os motivos.
A gasometria arterial é um método invasivo usado em centros de saúde e que fornece informações muito mais precisas do que o oxímetro de pulso.
Conforme foi dito na seção anterior, ela nos permite medir a pressão parcial de oxigênio (PaO2), mas requer a coleta de uma pequena amostra de sangue, geralmente da artéria radial. A desvantagem é que isso geralmente é um pouco doloroso.
Essa amostra é introduzida em um equipamento que, quase que automaticamente, é capaz de revelar dados importantes sobre a oxigenação e o pH sanguíneo. Isso permite a detecção de anormalidades metabólicas ou respiratórias e é algo amplamente utilizado em unidades de terapia intensiva. A menos que se trate de uma situação urgente, não é usado rotineiramente.
Condições que podem alterar a saturação de oxigênio
Existem várias patologias que podem alterar esses valores, a maioria de origem pulmonar. As doenças crônicas podem causar danos progressivos e, desta forma, o corpo do paciente é capaz de se adaptar a baixos níveis de oxigênio sem sintomas significativos.
Este é o caso dos pacientes fumantes que desenvolvem a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Muitos deles geralmente lidam com baixos níveis de oxigênio devido aos danos nos pulmões e, às vezes, podem ter melhor tolerância do que os pacientes que sofrem uma rápida diminuição do oxigênio arterial por causa de alguma patologia aguda. Também existem outras causas para a DPOC que você pode consultar aqui.
Outras condições incluem a pneumonia, a fibrose pulmonar ou os tumores do sistema respiratório. Qualquer uma delas pode alterar o equilíbrio entre a anatomia do pulmão e os vasos sanguíneos que entram em contato com os alvéolos.
Por exemplo, alguns tipos de câncer de pulmão são capazes de causar colapso pulmonar, com a conseqüente falha de oxigenação.
Este é um caso semelhante à fibrose pulmonar. Nela, por diversos motivos, a quantidade de tecido cicatricial pode aumentar, o que dificulta a troca gasosa adequada. Isso pode surgir como consequência da exposição ocupacional a certas substâncias (tais como metais pesados e amianto), bem como da exposição à radiação, quimioterapia e doenças inflamatórias sistêmicas.
Às vezes, alguns defeitos na hemoglobina podem levar à incapacidade de fornecer oxigênio aos tecidos. Este é o caso da metemoglobinemia, na qual, embora o aparelho respiratório esteja intacto, a oxigenação dos tecidos se torna difícil, levando a danos progressivos nos órgãos.
Saturação de oxigênio e COVID-19
A COVID-19 pode gerar um quadro clínico de rápida deterioração da função pulmonar. Embora muitas das causas de mortalidade estejam relacionadas com fenômenos de coagulação (que, em pessoas saudáveis, exibem sinais de alerta que devem ser conhecidos), a diminuição da saturação de oxigênio é responsável por muitos dos sintomas da doença.
Isso pode causar qualquer um dos seguintes sintomas:
- Fraqueza ou cansaço.
- Pele pálida.
- Extremidades frias ou azuladas.
- Aumento da frequência respiratória e cardíaca.
Muitos desses pacientes geralmente mantêm um oxímetro de pulso ao seu alcance, a fim de procurar atendimento médico precocemente, caso sejam detectadas alterações.
Saber a saturação de oxigênio é importante do ponto de vista prático
A medição da saturação de oxigênio é uma ferramenta básica na medicina. Em situações de risco de vida, isso pode ser muito útil para tomar decisões terapêuticas e, graças ao oxímetro de pulso, muitos pacientes podem monitorar a sua doença subjacente de perto.
- Barboza M. Enfermedad Pulmonar Obstructiva Crónica. Revista Médica Sinergia 2017;2(6):10-14.
- Guan W, et al. China Medical Treatment Expert Group for COVID-19, Clinical
Characteristics of Coronavirus Disease 2019 in China. N Engl J Med 2020.10.1056. - López-Herranz G. Oximetría de pulso: A la vanguardia en la monitorización no invasiva de la oxigenación. Rev Med Hosp Gen Mex 2003;66(3):160-169.
- Luna M, et al. Fundamentos de la oxigenoterapia en situaciones agudas y crónicas: indicaciones, métodos, controles y seguimiento. An Pediatr (Barc) 2009;71(2):161–174.
- Moral Gil L, Asensio de la Cruz O, Lozano Blasco J. Asma: aspectos clínicos y diagnósticos. Protoc diagn ter pediatr 2019;2:103-15.
- Pavord ID, Beasley R, Agusti A, Anderson GP, Bel E, Brusselle G, et al. After asthma: redefining airways diseases. Lancet 2018;391:350-400.