Os 10 tipos de assédio

Existem muitos tipos de assédio, alguns mais prevalentes do que outros. Aqui mostramos os mais importantes e os sinais que indicam a sua presença no meio social.
Os 10 tipos de assédio
Samuel Antonio Sánchez Amador

Escrito e verificado por el biólogo Samuel Antonio Sánchez Amador.

Última atualização: 28 fevereiro, 2023

O assédio é um problema social sério em todos os níveis. Sua prevalência permanece em taxas alarmantes, apesar dos vários esforços educacionais para detê-lo. Sem ir mais longe, o National Bullying Prevention Center dos Estados Unidos estima que 20,2% dos alunos da região sofrem algum tipo de assédio ou bullying em algum momento.

Embora o assédio geralmente esteja vinculado ao ambiente do aluno, é importante destacar que também está muito presente na Internet, no ambiente de trabalho e até mesmo nos núcleos familiares e românticos. Convidamos você a continuar lendo, pois nas falas a seguir mostraremos em que consiste esse fenômeno social e como detectá-lo antes que cause efeitos graves em quem o sofre.

O que é assédio?

O assédio, mais conhecido como bullying em inglês, é definido pelo National Center Against Bullying como ‘um uso impróprio, contínuo e deliberado de poder nas relações por meio de comportamento verbal, físico e social repetido que tem a intenção de causar danos físicos, sociais ou psicológicos’. Implica a presença de uma figura de poder (o agressor) e de uma figura vulnerável (o assediado).

O assédio é considerado uma subcategoria de comportamento agressivo. É constituído pelos seguintes pilares:

  1. Intenções hostis: O agressor pode não saber até que ponto seus comportamentos afetam a pessoa, mas as intenções nunca são boas em primeiro lugar.
  2. Desequilíbrio de poder: o agressor encontra-se em situação de superioridade objetiva (ser o chefe ou o professor, por exemplo) ou autopercebido, ou seja, simplesmente acredita ser melhor do que a outra parte que sofre. Por outro lado, a vítima adota uma postura de submissão, pois se sente incapaz de deter a situação.
  3. Repetição em um intervalo de tempo: mesmo que não haja um período fixo, o assédio deve ser repetido para ser considerado como tal. Estudos com grupos populacionais específicos indicam intervalos médios de 2 a 3 anos, embora possam ser muito mais ou muito menos.

A repetição de comportamentos agressivos é um aspecto fundamental para que uma determinada situação seja percebida como bullying. Por exemplo, episódios isolados de rejeição social, respostas pobres em contextos específicos, atos aleatórios de intimidação ou agressão ou brigas de incitamento mútuo não se enquadram nesta definição.

O assédio deve ser repetido ao longo do tempo e mais ou menos sustentado. Ataques isolados não fazem parte desse conglomerado terminológico.

Figuras e estatísticas

Os tipos de bullying e sua importância
O bullying é um comportamento bastante comum em certas populações e situações. Infelizmente, isso geralmente deixa consequências psicológicas nas vítimas.

Fontes já citadas colocam a seriedade do assédio em perspectiva com as estatísticas oficiais. Mostramos alguns dos números mais relevantes:

  • 1 em cada 5 estudantes americanos relatam ter sofrido assédio. Os homens sofrem mais violência física do que as mulheres (6 e 4% respectivamente), enquanto as meninas são mais propensas a serem intimidadas e isoladas por boatos e mentiras (18 e 9%).
  • Quase metade das pessoas que sofrem assédio em um determinado estágio tem certeza de que isso acontecerá novamente.
  • O assédio aumenta as chances de sentir ansiedade, depressão, dificuldades para dormir, pior desempenho e abandono dos estudos.
  • 15% dos alunos que relatam ter sofrido bullying manifestaram perseguição e intimidação na Internet. O cyberbullying é uma parte essencial dessa dinâmica de poder.
  • As vítimas de assédio têm 2 a 9 vezes mais probabilidade de cometer suicídio em comparação com o resto da população. Até 14% dos alunos pensam em se matar (e até 7% tentam).

Como você pode ver, o assédio ainda é um problema sério hoje. Mostramos os tipos que existem e como combatê-los nas linhas a seguir, mas se sentir que sofre violência em alguma de suas formas, recomendamos que procure ajuda profissional. Lembre-se de que todo ser humano merece uma vida em paz e ninguém tem o direito de denegrir você por qualquer motivo.

Os 10 tipos de bullying

Os seres humanos são extremamente complexos e nossas interações vão muito além do físico (para o bem e para o mal). Portanto, hoje vários tipos de assédio são conhecidos e cada um deles funciona com uma dinâmica diferente. Nós dizemos o que eles são nas linhas a seguir.

1. Assédio verbal

Este é de longe o tipo de bullying mais comum na sociedade. Sem ir mais longe, os portais profissionais estimam que 77% dos alunos em todo o mundo sofrem algum tipo de bullying por meio da palavra. Essa dinâmica social pode ser extremamente prejudicial para a vítima, mesmo que nunca aconteça violência física.

O assédio verbal não envolve nenhum tipo de contato físico, mas geralmente é o veículo que permite que os agressores atinjam outros tipos de agressões mais óbvias. Alguns dos comportamentos que mostram essa dinâmica são os seguintes:

  • Apelidos provocadores e depreciativos, que muitas vezes se referem à fisicalidade (especialmente no ambiente escolar).
  • Espalhar boatos falsos que podem prejudicar a pessoa afetada a curto ou longo prazo.
  • Ameaçar a vítima de forma mais ou menos grave.
  • Gritar ou falar mal de alguém sem causa aparente e em situações sociais que não o justifiquem.
  • Rir da maneira como a pessoa fala ou expressa.
  • Usar gestos ou posturas (não apenas palavras) para rir de alguém ou fazê-lo se sentir inseguro.

Costuma-se argumentar que as mulheres são mais propensas ao assédio verbal do que os homens. Em qualquer caso, a dinâmica de gênero está se tornando menos estável e a típica “violência inerente” masculina é um estereótipo a ser combatido. Tanto meninos quanto meninas correm o risco de se envolverem nessas dinâmicas prejudiciais.

2. Assédio físico

Este é um dos tipos mais óbvios de assédio, especialmente entre crianças pequenas. Essa variante do bullying requer contato entre o agressor e a vítima, embora nem sempre seja tão óbvio quanto bater na cara. O componente físico é essencial na dinâmica do poder e estima-se que 40% dos agressores tenham uma constituição mais robusta que a da vítima.

Alguns dos comportamentos típicos realizados durante o assédio físico são os seguintes:

  • Bater na vítima diretamente ou fazer contato prejudicial menos óbvio, como chutar ou beliscar levemente.
  • Cuspir na vítima.
  • Fazê-la tropeçar, empurrá-la escada abaixo e outros atos que a impedem de andar normalmente.
  • Tirar os bens dela e jogá-los fora, quebrá-los ou escondê-los.
  • Roubar dinheiro ou bens à vítima.

Como você pode ver, nem todas as formas de assédio físico envolvem pancadas ou ferimentos. O simples fato de violar repetidamente a propriedade de alguém com más intenções representa um tipo mais do que óbvio de bullying, por exemplo.

3. Assédio social

O assédio social, também conhecido como assédio encoberto, é o subtipo mais difícil de detectar. Essa forma de abuso consiste em reduzir o status da vítima de forma coletiva, lenta e progressiva, a ponto de permitir comportamentos inicialmente impensáveis. Por ser sucinto e de ação lenta, geralmente é equiparado ao tipo verbal (apenas emitido coletivamente).

Alguns dos comportamentos incluídos neste tipo de assédio são os seguintes:

  • Mentir sobre a vítima e espalhar boatos sobre ela.
  • Emitir coletivamente gestos de repulsa quando a vítima aparece em uma  situação social específica.
  • Fazer piadas repetidas que ridicularizem ou deixem a vítima de fora.
  • Em conjunto, imitar a vítima e de uma perspectiva degradante.
  • Incentivar outras pessoas a negligenciar ou assediar ativamente à vítima.
  • Prejudicar a reputação dela ou impedir que faça parte de uma dinâmica social específica.

Os seres humanos são sociais por natureza. Portanto, não é surpreendente que aqueles em risco de exclusão sejam mais fracos e mais propensos a desenvolver transtornos psiquiátricos de longo prazo. Lembre-se do seguinte: deixar de incluir alguém em um grupo de pessoas repetidamente sem sentido também é uma forma de bullying.

O assediado pode sentir que a culpa ou o problema está nele, já que várias pessoas o fazem acreditar ao mesmo tempo.

4. Mobbing

Mobbing é um dos tipos mais comuns de assédio social hoje em dia e é aplicado principalmente no local de trabalho. Não é por menos, já que fontes citadas estimam que o assédio coletivo na empresa atinge de 10 a 15% dos trabalhadores ativos. Sem dúvida, essa variante nos diz que o bullying e as dinâmicas prejudiciais não são apenas de crianças.

Este tipo de assédio pode ser horizontal (ataques entre colegas), vertical descendente (do chefe ao empregado), vertical ascendente (do subordinado ao cargo de poder) ou mais de 1 de cada vez. Algumas das dinâmicas que o mostram são as seguintes:

  1. Intimidar o funcionário fazendo-o acreditar que pode ser demitido ou reduzir seu salário sem motivo aparente.
  2. Ignorar um dos colegas de trabalho. Isso inclui não levar em consideração suas opiniões, não responder às suas perguntas, ignorá-lo  ou interagir com todos na sala, exceto ele.
  3. Isolar ou excluir a vítima das atividades de trabalho, desde reuniões oficiais até encontros fora do escritório.
  4. Racionalizar atos vexatórios para com o indivíduo (“você não trabalha o suficiente”, “Eu faço isso para que você possa se esforçar mais” e muitas outras justificativas).
  5. Minimizar inseguranças, dúvidas ou ideias que a pessoa pode expressar no ambiente de trabalho.
  6. Fazer com que o funcionário se sinta constantemente culpado por tudo de ruim que acontece na empresa.
  7. Bloquear e desvalorizar o trabalho da vítima. Isso inclui fazer com que ele sinta que todos os outros trabalhadores estão fazendo seu trabalho melhor do que ele.

O mobbing se expressa na dinâmica do trabalho de uma forma muito sutil. Em todo caso, quase todas as pessoas que sofrem com isso concordam que se sentem uma parte desnecessária de seu trabalho. Infelizmente, essa prática é comum em lugares onde as posições de poder são muito bem definidas e os empregos são muito distantes.

5. Assédio na Internet ou ciberbullying

Entre os tipos de assédio está o bullying na Internet
Com a popularização das redes sociais, diversas formas de cyberbullying passaram a ser um dos principais tipos de assédio.

Como já dissemos nas falas anteriores, até 15% dos alunos que vivenciam o assédio relatam ter sido ameaçados e denegridos na Internet. Este meio de comunicação ajuda a construir pontes e encoraja o surgimento de certas dinâmicas sociais muito positivas, mas também torna mais fácil para os agressores espalharem mentiras e imagens comprometidas de suas vítimas.

O cyberbullying pode ser evidente ou sutil, e muitos jovens o alimentam sem perceber, pois o simples ato de compartilhar uma foto comprometedora de uma pessoa vulnerável já o encoraja. Nesse ponto, deve-se observar que a distribuição de material privado não é apenas antiética, mas também punível por lei.

Ao contrário do assédio verbal, no cyberbullying, palavras e ações são registradas em bancos de dados. Portanto, é fácil incriminar inequivocamente as pessoas que o praticam.

Outros tipos de assédio

Mostramos 5 tipos gerais de assédio, mas existem muitos mais. Dedicamos a lista a seguir para citar todas as variantes que não mencionamos, mas tenha uma coisa em mente: todas são tão importantes e dolorosas quanto as já mencionadas. Destacamos as seguintes:

  1. Assédio por deficiência: foi demonstrado em vários trabalhos e estudos que pessoas com algum tipo de deficiência correm risco quando se trata de assédio. As vítimas podem ter dificuldades motoras (ir em uma cadeira de rodas ou não ter um membro, entre outras) ou psicológicas (síndrome de Down, espectro do autismo e mais).
  2. Assédio LGBTQIA +: Este tipo de assédio ocorre quando uma pessoa (ou um grupo deles) constantemente instiga outro indivíduo por causa de sua identidade, sua expressão de gênero ou suas predileções na cama. Não devemos esquecer que as pessoas dentro da comunidade trans são até 4 vezes mais suscetíveis à violência do que as heteronormativas.
  3. Assédio legal: os abusadores às vezes usam suas liberdades ou brechas para tornar a vida da vítima miserável. Muitas vezes, essas pessoas denunciam constante e injustificadamente a vítima e fazem com que ela perca valores monetários muito importantes para uma defesa judicial.
  4. Assédio parental: infelizmente, às vezes os abusadores de uma criança  são os pais. Negligência, violência física, reforço intermitente e muitos outros comportamentos são considerados assédio.
  5. Assédio sexual: este termo pode ser usado como sinônimo de crime (estupro em qualquer uma de suas formas), mas também para designar aqueles comportamentos vexatórios com base no sexo da vítima. Por exemplo, uma mulher pode ser abusada verbalmente em seu ambiente de trabalho apenas porque é uma mulher.

O assédio sistemático é geralmente realizado por classes sociais privilegiadas em relação às minorias mais vulneráveis, como as pertencentes à comunidade LGBT, grupos étnicos diferentes dos dominantes ou espectros de gênero que não os normativos. Nestes casos, o assédio é coletivo e a inação incentiva sua perpetuação.

Nem todos os tipos de bullying são individualizados. Às vezes, a sociedade em geral vira as costas para grupos ou indivíduos por causa de seus traços fora do normal.

Os tipos de assédio e sua importância social

O assédio geralmente está associado ao ambiente escolar (especialmente durante os primeiros anos), uma vez que crianças pequenas tendem a ser antipáticas, um tanto egocêntricas e requerem desenvolvimento neural e social para saber como diferenciar o moral do imoral. Embora seja verdade que muitos ataques verbais e físicos ocorram durante a infância, é impossível negar que o bullying também afeta os adultos.

Se, devido à sua situação de emprego, condição sexual, status universitário, etnia e gênero (ou qualquer outra característica) você se viu representado nessas linhas, encorajamos você a procurar ajuda profissional e até jurídica. Um psicólogo pode ajudá-lo a superar o assédio, mas às vezes eles devem ser denunciados  se forem cometidos atos criminosos.




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