O que é anedonia?
A anedonia é definida como uma incapacidade de sentir prazer. O termo é usado, sobretudo, para designar uma perda de prazer em atividades que antes gostávamos.
É um sintoma típico da depressão, mas também da esquizofrenia. Pode até aparecer isoladamente, ou seja, sem um transtorno mental subjacente. Mas o que mais sabemos sobre anedonia? Devemos diferenciá-lo de outros sintomas, como apatia (falta de emoção, motivação ou entusiasmo) e abulia (falta de vontade ou energia).
“O quanto você gosta da sua vida é mais importante do que o quanto você tem na vida.”
-TP Chia-
O que é anedonia?
Anedonia é uma palavra que vem do grego, das palavras ἀv- (que significa ‘falta de’) e ἡδονή ( hedoné que significa ‘prazer’). Ou seja, pode ser definida como a incapacidade de sentir prazer, bem como a perda de interesse ou satisfação em quase todas as atividades.
Nesse sentido, também é considerada falta de reatividade a estímulos habitualmente agradáveis. É um sintoma muito típico da depressão, mas também pode aparecer isoladamente, em um momento ou momento específico da vida ou como consequência de outro transtorno que não a depressão.
As primeiras definições de anedonia enfatizavam a experiência prazerosa como eixo central desse conceito; no entanto, modelos recentes destacaram outro elemento-chave, que seria a necessidade de considerar diferentes aspectos do comportamento divertido, como a motivação ou o desejo de participar de uma determinada atividade.
Causas da anedonia
As causas da anedonia são diversas. Do ponto de vista fisiológico, esse sintoma tem sido relacionado a uma alteração no cérebro que impediria a segregação da dopamina, substância relacionada às sensações agradáveis. Existem alguns estudos, como o de Gorwood (2008), que falam sobre isso.
Por outro lado, a anedonia é um sintoma típico de depressão, mas também de momentos estressantes. Pessoas com ansiedade também podem manifestá-la. Finalmente, na esquizofrenia, a anedonia também aparece com frequência.
Como avaliar a anedonia?
A entrevista clínica será a ferramenta chave para diagnosticar a anedonia. Este instrumento permite conhecer a percepção subjetiva do paciente sobre seus sintomas. A observação também nos permitirá investigar.
Se procurarmos uma ferramenta mais objetiva, encontramos algumas escalas. Em 1976, L. Chapman e M. Raulin propuseram dois delas para avaliar a anedonia. Elas receberam o nome de escalas de Chapman.
Especificamente, eles avaliaram a anedonia física e a anedonia social. Essas escalas foram revisadas e divulgadas, embora nunca tenham sido publicadas oficialmente. Algumas das características, conforme citado por Chapman & Chapman (1978) e Eckblad et al. (1982) são os seguintes:
- Escala de anedonia física revisada: este é um questionário autoaplicável de 61 perguntas que avalia a capacidade de sentir prazer por meio de estímulos físicos típicos, como sexo, toque ou comida.
- Escala revisada para anedonia social: também é um questionário autoaplicável, neste caso com 40 questões, que avalia a capacidade de sentir prazer por meio de estímulos sociais, como conversar, trocar opiniões, lidar com outras pessoas.
Anedonia social em diferentes transtornos
Em investigações posteriores à criação destas duas escalas, foi possível verificar como a escala de anedonia social foi a mais útil das duas. Além disso, mostrou-se um indicador confiável para transtornos do espectro esquizóide posteriores. Por outro lado, também foi detectado que os resultados se mantiveram ao longo do tempo em pessoas diagnosticadas com esquizofrenia.
Finalmente, a anedonia social também demonstrou ser uma característica de pessoas com transtorno do espectro do autismo. Como resultado, surgiram estudos para investigar essas questões, como o de Hurst et al. (2007), que tentou descobrir a sobreposição diagnóstica entre a síndrome de Asperger e o transtorno de personalidade esquizotípica.
Tratamento de anedonia
Como tratar a anedonia? O importante sempre será analisar a causa e trabalhar nela. Da terapia cognitivo-comportamental, por exemplo, existem técnicas como a programação de atividades prazerosas que permitem trabalhar esse sintoma e outros (é considerado um tratamento eficaz para a depressão).
O paciente, juntamente com o terapeuta, desenvolve uma série de ideias sobre atividades que antes gostava de fazer e que agora não gosta mais. O objetivo da técnica, que na verdade é comportamental, é lutar contra o estado de não-prazer da pessoa, mas sobretudo reduzir a apatia.
Em outras palavras, trata-se de quebrar aquele círculo vicioso de não fazer nada e não sentir vontade de nada, que é usado em pacientes muito deprimidos, principalmente no início da terapia. Quanto ao tratamento farmacológico, são utilizados medicamentos antidepressivos que melhoram o humor.
Diferenças com apatia e abulia
Para fazer um bom diagnóstico diferencial, não devemos confundir anedonia com apatia ou abulia, dois sintomas que também são típicos da depressão e não são os mesmos. Assim, a apatia refere-se à falta de motivação, emoção ou entusiasmo; seria um estado psicológico de indiferença.
O indivíduo com apatia não responderia aos estímulos de sua vida. Por outro lado, na anedonia não há indiferença, mas falta de gozo naquilo que nos fazia gozar.
No caso da abulia, refere-se à falta de vontade ou energia para fazer algo ou se mover. Como podemos ver, não é que a pessoa não goste das coisas, mas sim que diretamente não tem energia para fazê-las. Na verdade, apatia, abulia e anedonia são três fenômenos que costumam aparecer juntos na depressão.
Conheça a causa
Como podemos ver, a anedonia é um sintoma que pode causar muito desconforto na pessoa, pois ela passa a sentir que perdeu a capacidade de curtir e se emocionar. No entanto, essa capacidade não é perdida. Devemos pedir ajuda profissional, pois muitas vezes sair não é fácil.
Por outro lado, saber a causa do sintoma será essencial para poder aprofundar o motivo dessa falta de gozo; talvez seja uma depressão ou apenas um sintoma que aparece devido a circunstâncias específicas da vida. Tudo tem seu porquê, principalmente na psicologia.
- American Psychiatric Association (2014). DSM-5. Manual diagnóstico y estadístico de los trastornos mentales. Madrid: Panamericana.
- American Psychiatric Association (2002). Manual Diagnóstico y Estadístico de los Trastornos Mentales DSM-IV-TR. Barcelona: Masson.
- Ayuso, J.L. y Carulla, L.S. (1994). Manual de psiquiatría. Vol. I. McGraw-Hill. Madrid.
- Belloch, A., Sandín, B. y Ramos, F. (2010). Manual de Psicopatología. Volumen I y II. Madrid: McGraw-Hill.
- Chapman, L. J., Chapman, J. P., & Raulin, M. L. (1976). Scales for physical and social anhedonia. Journal of Abnormal Psychology, 85(4), 374–382. https://doi.org/10.1037/0021-843X.85.4.374.
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Gorwood, P. (2008). Neurobiological mechanisms of anhedonia. Dialogues Clin Neurosci, 10(3): 291–299.