Antivirais: o que são e como funcionam?

Os medicamentos antivirais são compostos que utilizam vários processos para impedir que os vírus se multipliquem dentro das células. Você quer saber como eles funcionam? Continue lendo.
Antivirais: o que são e como funcionam?

Última atualização: 20 junho, 2023

Existe um grande número de patologias produzidas por vírus. Isso resulta na necessidade de criar drogas para combatê-las. É assim que surgem os antivirais.

O corpo humano é capaz de eliminar sozinho várias infecções causadas por vírus. No entanto, existem variantes e tipos dessas partículas que possuem mecanismos de defesa para evadir o sistema imunológico.

Um dos mecanismos de defesa é o mimetismo, por meio do qual eles se camuflam dentro das estruturas celulares, iludindo os glóbulos brancos. Esse é um dos métodos aplicados pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), por exemplo, o que dificulta o tratamento.

O que são antivirais?

Em termos gerais, os antivirais são medicamentos criados com a finalidade de inibir a replicação de vírus no organismo. Os vírus são intracelulares, ou seja, precisam invadir as células de um hospedeiro para se multiplicar, o que dificulta seu tratamento.

É importante ressaltar que essas drogas não são capazes de eliminar o agente causador, como os antibióticos fazem com as bactérias. Nesse sentido, estudos têm mostrado que, se as ingestões ou aplicações forem suspensas, a doença pode reaparecer.

Embora os antivirais não representem uma cura completa, eles são capazes de reduzir os sintomas. Isso acontece porque os medicamentos impedem que a quantidade de vírus no organismo aumente, diminuindo a gravidade do quadro clínico.

Esses medicamentos costumavam ter vários efeitos colaterais em pacientes devido à sua toxicidade, no entanto, progressos foram feitos e eles estão se tornando mais seguros. Entre as doenças que podem ser tratadas com antivirais, destacam-se:

  • Herpes.
  • Hepatite B e C.
  • Citomegalovírus.
  • Vírus sincicial respiratório.
  • Gripe.
Vírus da herpes.
Atualmente, os vírus do herpes são tratados com algumas variantes antivirais disponíveis no mercado.

Mecanismo de ação dos antivirais

Os vírus realizam vários ciclos dentro das células do corpo humano. O resultado final de todas essas reações será a replicação do DNA ou RNA viral, o que causará um aumento da carga e um agravamento da infecção.

Os antivirais mais eficazes inibem certas reações que permitem a multiplicação viral ou inibem sua replicação. Nesse sentido, essas drogas possuem diferentes mecanismos de ação.

Impedir a entrada na célula

Todos os vírus precisam entrar na célula para completar seu ciclo, eles devem primeiro aderir à membrana plasmática e depois penetrá-la. Nesse sentido, algumas drogas são capazes de impedir qualquer um desses dois processos, induzindo pequenas alterações na célula.

Entre as modificações mais notáveis estão a criação de falsos receptores ou a síntese de anticorpos contra receptores virais. Dessa forma, o vírus não conseguirá entrar e será eliminado pelo sistema imunológico.

Impedir a perda de cobertura

Os vírus devem perder uma membrana chamada capsídeo ao entrar na célula para que a replicação ocorra. Certos antivirais impedem a sua dissolução, pelo que não poderão libertar o seu material genético.

As drogas podem inibir os canais de cálcio que permitem a liberação de DNA e RNA. Além disso, também podem atuar como estabilizadores de membrana, impedindo sua destruição.

Inibição da transcrição do genoma

O genoma é a parte do vírus que contém a informação genética (DNA ou RNA) e permite sua multiplicação. O objetivo dos vírus é conseguir a transcrição, ou seja, a replicação desse material para se reproduzir.

Esse processo de transcrição é realizado por meio de várias enzimas, que podem ser inativadas por algumas drogas. Algumas das enzimas envolvidas neste processo são a DNA polimerase viral, a RNA polimerase e a transcriptase reversa.

Alteração de proteínas virais

Os vírus de RNA criam um composto chamado RNA mensageiro, que será capaz de sintetizar proteínas virais usando a estrutura da célula afetada. Todas essas proteínas são necessárias para que o vírus continue seu ciclo. No entanto, alguns antivirais têm a capacidade de destruir ou desativar essas proteínas por meio de sua interação com elas.

Inibição da liberação

Uma vez que haja uma nova carga viral, ela é liberada na corrente sanguínea e é capaz de infectar outra célula. Essa liberação pode ser evitada, de modo que o sistema imunológico será capaz de destruir a célula afetada e os vírus nela encontrados.

Classificação dos antivirais

Para facilitar o estudo, os pesquisadores dividiram vários dos antivirais existentes em 3 grandes categorias, dependendo das doenças que podem tratar. Com relação a isso, os principais grupos incluem os seguintes.

Medicamentos para vírus herpéticos

A infecção pelo vírus herpes simplex é causada por dois tipos de vírus de DNA: HSV-1 e HSV-2. Nesse sentido, o primeiro medicamento aprovado para o tratamento da doença foi a vidarabina, porém, não está mais disponível. Atualmente o tratamento de escolha é o aciclovir.

O aciclovir é uma droga que bloqueia a síntese do DNA viral e sua administração intravenosa apresenta poucos efeitos colaterais. Vários estudos mostram que a duração das lesões orais foi reduzida quando ele foi administrado.

Outros antivirais que são administrados para infecções por vírus do herpes são os seguintes:

  • Cidofovir.
  • Doconasol.
  • Fanciclovir.
  • Penciclovir.
Aciclovir para herpes.
O aciclovir reduz o tempo dos sintomas nos surtos de herpes.

Medicamentos para gripe

Todos os vírus que causam gripe ou influenza são vírus de RNA, portanto, outros medicamentos além dos mencionados acima são usados. É importante mencionar que os medicamentos usados nesses casos também são usados para tratar infecções por vírus sincicial respiratório.

Os mais usados nesses casos são a amantadina e a rimantadina. Ambos são altamente reativos com o vírus influenza A, embora estudos mostrem que a rimantadina é até 10 vezes mais eficaz. Eles inibem a replicação precoce do vírus, impedindo a perda da cápsula.

Drogas usadas para tratar hepatite

Por fim, o último grupo de medicamentos é formado pelos usados no tratamento das hepatites B e C. Nesse caso, a droga de escolha é o adenofovir, que impedirá a transcrição do DNA viral ao inibir as enzimas envolvidas no processo.

Além disso, também podem ser utilizados os interferons, que são compostos que funcionam como comunicadores intercelulares. Eles farão com que as células sintetizem proteínas que aumentam a resistência viral das mesmas.

Considerações gerais sobre antivirais

Os antivirais são medicamentos usados em infecções causadas por vírus que o sistema imunológico não consegue combater sozinho. Sua principal função é inibir a multiplicação do agente infeccioso e não a eliminação. Nesse sentido, o vírus pode permanecer latente no corpo.

Atualmente, esses compostos apresentam poucos efeitos colaterais, portanto sua administração é segura na maioria dos casos. No entanto, seu consumo deve ser feito sob estrita supervisão médica.

Não incluímos os antirretrovirais no artigo, pois constituem uma categoria própria em si. São aqueles utilizados prioritariamente para o tratamento da infecção pelo HIV e da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS).



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