Losartana: o que é e para que serve?
A losartana, comercializada como Cozaar, Fortzaar, ou Soluvass em certos países, é um medicamento aprovado pela Food and Drug Administration (FDA) e pela European Medicines Agency (EMA) como um tratamento seguro para a hipertensão. Embora não cure a doença, ela ajuda a neutralizar os sintomas e efeitos adversos.
Foi demonstrarado que seus efeitos são comparáveis aos de outros medicamentos como atenolol, nifedipino, felodipina, captopril ou enalapril. Portanto, ela pode ser utilizada como alternativa a eles quando houver resistência do organismo aos outros medicamentos citados. Hoje revisamos tudo o que se sabe sobre ela: como funciona, efeitos colaterais, dosagem e recomendações.
Para que é usada a losartana?
A losartana é um medicamento do grupo dos bloqueadores dos receptores da angiotensina II. As evidências indicam que drogas desse tipo são eficazes na regulação da pressão arterial, prevenindo danos aos órgãos-alvo, promovendo a remodelação vascular, protegendo as funções cardíaca e renal e oferecendo benefícios na disfunção endotelial.
A angiotensina é uma substância química do corpo que estreita as paredes dos vasos sanguíneos. Quando ela age, há maior resistência à circulação sanguínea, o que pode levar à hipertensão. A losartana e outras drogas atuam bloqueando esse hormônio, permitindo a dilatação dos vasos sanguíneos.
A utilidade dela como tratamento para hipertrofia ventricular esquerda também foi comprovada. Essa condição, popularmente conhecida como coração dilatado, pode ser causada como sequela da hipertensão.
O mecanismo sob o qual esta droga opera foi estudado. Ela é conhecida por ser rapidamente absorvida, com concentrações máximas entre 1-2 horas após a ingestão. Uma vez no corpo, 14% do composto é metabolizado como E 3174. Em média, é 10 a 40 vezes mais potente do que a substância original. Seus efeitos médios duram em torno de 24 horas, dependendo da dose.
Embora atue imediatamente, a regulação vascular e a proteção dos órgãos-alvo são geralmente alcançadas durante a primeira semana e atingem seu limite máximo após a sexta semana de tratamento. Isso é indicado pelas evidências, que também sugerem que a redução da pressão que ocorre com o uso variando de 8 mmHg a 13 mmHg.
Como a losartana é administrada?
Este medicamento pode ser prescrito sozinho ou na companhia de outros anti-hipertensivos. A escolha é feita pelo especialista de acordo com a tolerância do organismo do paciente ao princípio ativo. Em geral, não é necessária uma mudança na dieta para maximizar sua assimilação, exceto para a redução dos níveis de sódio, que é geral entre os hipertensos.
Apresentações
Os fabricantes a comercializam em comprimidos de 12,5, 50 e 100 miligramas. O ajuste de dose é feito com o auxílio de um cortador de comprimidos caso seja necessária uma quantidade menor, ou fazendo combinações entre as duas apresentações, quando o tratamento sugerido for maior.
Dose
Conforme indicado pela European Medicines Agency (EMA) , a dose sugerida para um adulto é de 50 miligramas uma vez ao dia, embora em alguns contextos o especialista possa usar 100 miligramas se houver resistência aos efeitos. Geralmente é recomendada a ingestão de manhã.
Como não há estudos suficientes a esse respeito, sugere-se em crianças e jovens uma dose de 25 miligramas para grupos de 20 a 5 quilos. O uso em crianças menores de 6 anos deve ser evitado, em parte pelo desconhecimento dos possíveis efeitos gerados em seu organismo.
A dose real varia de acordo com o contexto, condições do paciente e complementação com outros medicamentos. Abaixo citamos algumas das condições:
- Insuficiência cardíaca: 12,5 miligramas por dia aumentando gradualmente de acordo com a tolerabilidade.
- Idade acima de 75 anos: 25 miligramas por dia aumentando conforme a tolerabilidade e redução dos sintomas.
- Hipertensão arterial com hipertrofia ventricular esquerda: recomenda-se começar com 5o miligramas por dia e aumentar progressivamente para 100 miligramas em algumas semanas.
Os valores reais serão determinados pelo médico, e não devem ser ajustados de acordo com o julgamento do paciente. Isso é muito importante para evitar episódios de overdose ou interações com outros tratamentos em paralelo.
Quem não deve tomar losartana?
Embora a droga seja muito bem tolerada pelo organismo, a ingestão deve ser evitada em certos grupos de pacientes. Alguns dos contextos onde seu uso não é recomendado são os seguintes:
Gravidez
Vários estudos e investigações indicaram que os medicamentos pertencentes aos bloqueadores e inibidores da angiotensina II são contraindicados durante a gravidez. Eles não devem ser administrados independentemente da semana de gestação, uma vez que foram associadas uma série de complicações causadas no feto, dentre elas:
- Hipoplasia pulmonar.
- Hipotensão neonatal.
- Risco de morte perinatal.
- Anormalidades tubulares.
- Hipoplasia do crânio.
- Insuficiência renal com oligúria e anúria.
- Restrição de crescimento fetal.
Embora a ingestão seja de curta duração, ela deve ser evitada, pois os efeitos adversos podem ser permanentes. Eles são mais latentes durante o primeiro trimestre da gravidez. Devido à escassez de estudos a esse respeito, a losartana e os medicamentos da família devem ser evitados durante a amamentação, como sugerem as evidências.
Interação com outras drogas
Os diabéticos que tomam aliscireno devem evitar o uso de losartana e outros bloqueadores devido a possíveis efeitos adversos. A Food and Drug Administration (FDA) emitiu um comunicado há alguns anos sobre as contraindicações dessa combinação. Entre os possíveis efeitos adversos, encontramos os seguintes:
- Danos à função renal.
- Nível elevado de potássio no sangue (hipercaliemia).
- Pressão arterial baixa (hipotensão).
- Riscos de doenças cardiovasculares.
Isso não quer dizer que os diabéticos não possam tomar losartana, apenas que ela deve ser evitada se o tratamento à base de aliscireno já estiver sendo mantido. Alguns dos medicamentos vendidos em alguns países que o contêm são Valturna, Tekurna, Tekamlo, Amturnide e Tekturna HCT.
Lesão ou doença hepática
O medicamento também não deve ser administrado quando houver uma doença hepática prévia, especialmente se ela for crônica. Estudos indicam que a losartana pode estar relacionada a problemas hepáticos, piorando a condição. Nestes casos, deve-se buscar uma alternativa para o controle dos níveis de pressão.
Quais são os possíveis efeitos colaterais?
Seguindo os boletins da FDA sobre a losartana, os pacientes podem experimentar as seguintes reações colaterais:
Esses são os efeitos mais comuns. Em casos raros, podem ocorrer alterações nos níveis de potássio no corpo, icterícia, constipação, gastrite, ansiedade, perda de libido, infecções do trato urinário, distúrbios do sono, dificuldade respiratória e outros. Isso ocorre apenas em uma pequena população que segue o tratamento.
As reações alérgicas aos componentes também são possíveis. Se você tiver urticária, febre e erupções na pele, pare de tomar o medicamento e consulte um especialista.
O que acontece se eu esquecer uma dose?
Caso você tenha esquecido, tome a medicação faltante quando se lembrar, a menos que a dose seguinte esteja muito próxima. Se faltarem menos de 12 horas para ela, é aconselhável aguardar até o horário correto e tomar a dose normal. Isso evita o acúmulo excessivo da droga, que pode causar episódios hipotensivos.
Como devo agir em caso de overdose de losartana?
O protocolo é ir a um pronto-socorro ou especialista para avaliar possíveis efeitos colaterais. Dependendo da quantidade ingerida serão realizadas uma série de testes e exames, bem como a administração de alguns medicamentos para evitar síncope ou quedas abruptas de pressão enquanto os efeitos passam.
Como armazenar ou descartar este medicamento?
Recomenda-se armazená-lo em local seco, entre 15 e 30 graus Celsius. Embora não hajam evidências da sua deterioração pela luz solar, tente não expor o medicamento a essas condições. Se você tiver que descartá-lo, faça-o em uma sacola hermeticamente fechada que você descartará em um recipiente de lixo.
Mantenha um registro dos possíveis incidentes ocorridos desde o início do tratamento e compartilhe-o com o especialista durante a consulta regular. Também é sugerido monitorar a pressão arterial nos próximos meses para avaliar a assimilação e eficácia do medicamento no combate aos desequilíbrios vasculares.
- Carrillo, M. P., Presa, J. C., Molina, F. S., Valverde, M., & Puertas, A. M. (2010). Efecto de los inhibidores de los receptores de angiotensina II en la gestación. Clínica e investigación en ginecología y obstetrician. 2010; 37(4): 166-168.
- Goa, K. L., & Wagstaff, A. J. Losartan potassium. Drugs. 1996; 51(5): 820-845.
- Hasbún, J., Valdés, E., San Martín, A., Catalán, J., Salinas, S., & Parra, M. Efectos sobre la función renal fetal y neonatal del tratamiento con antagonista del receptor de angiotensina II en el embarazo: Caso clínico. Revista médica de Chile. 2008; 136(5): 624-630.
- Sica, D. A., Gehr, T. W., & Ghosh, S.Clinical pharmacokinetics of losartan. Clinical pharmacokinetics. 2005; 44(8): 797-814.
- Simpson, K. L., & McClellan, K. J. Losartan. Drugs & aging. 2000; 16(3): 227-250.
- Schmieder, R. E. Mechanisms for the clinical benefits of angiotensin II receptor blockers. American journal of hypertension. 2005; 18(5): 720-730.
- Tabak, F., Mert, A., Ozaras, R., Biyikli, M., Ozbay, G., Senturk, H., & Aktuglu, Y. Losartan-induced hepatic injury. Journal of clinical gastroenterology. 2002; 34(5): 585-586.
- Tutal Muñoz, L. M., Martínez Rodríguez, J. E., Ruiz Dorado, L. C., Erazo Moncayo, L. D., Ponce Ayala, R., & Caicedo Cabezas, Y. K. (2019). Manejo farmacológico de la hipertensión materna durante la lactancia: un reto terapéutico. Revista Peruana de Ginecología y Obstetricia. 2019; 65(3): 285-292.
- Uribe Flores, J. D., Hernández Jácome, M., Guevara Dondé, J., & Segura, X. Losartan versus enalapril en la reducción de la hipertrofia ventricular izquierda secundaria a hipertensión arterial sistémica. Archivos de cardiología de México. 2004; 74(3): 192-199.