Tireoidite de Hashimoto: sintomas, causas e tratamento
A tireoidite de Hashimoto é uma doença autoimune que causa destruição da glândula tireoide por meio de autoanticorpos. Sua incidência oscila entre 0,3-1,5 casos por 1.000 pessoas a cada ano e afeta aproximadamente 2% da população mundial.
O nome desta patologia vem do médico japonês Hakaru Hashimoto, que descreveu a patologia pela primeira vez em 1912. Se você quiser saber tudo sobre esta doença, incluindo os seus sintomas, causas e possíveis tratamentos, continue lendo.
Sobre a glândula tireoide
Antes de descrever a doença, é pertinente revisar as estruturas afetadas por ela. A tireoide é uma glândula endócrina (ela libera hormônios no sangue para que se desloquem até o órgão-alvo), localizada no nível da proeminência laríngea no pescoço, sob a cartilagem tireoide e apoiada na traqueia.
Este órgão endócrino pesa cerca de 15-30 gramas em um indivíduo adulto e tem um formato característico de borboleta. Sua principal função é a produção e liberação dos hormônios T3 e T4 na corrente sanguínea, que influenciam quase todas as nossas células e regulam o metabolismo humano. Vamos explorar ainda mais as suas características.
Hormônio T3 ou triiodotironina
O T3 afeta quase todos os processos fisiológicos do corpo, pois modula o crescimento, o desenvolvimento, o metabolismo, a temperatura corporal e a frequência cardíaca, entre muitas outras coisas. Conforme indicado pela Associação Espanhola de Câncer de Tireoide (AECAT), esse hormônio surge após a união da monoiodotirosina (MIT, T1) e a diiodotirosina (DIT, T2)
Triiodotirosina T3 (3 radicais de iodo): T1 (um radical de iodo) + T2 (2 radicais de iodo).
A produção de T3 é ativada pela tireotropina (TSH), também conhecida como hormônio estimulador da tireoide, produzida na hipófise. Por sua vez, a hipófise é ativada pelo TRH, outro hormônio do hipotálamo. Lembre-se dessas informações, pois elas serão de grande importância nas próximas seções.
Hormônio T4 ou tiroxina
No caso do T4, trata-se de um pró-hormônio secretado pela tireoide que é transformado em triiodotironina pela ação do TSH. A tiroxina é a forma mais abundante na circulação sanguínea, porém é o T3 que possui maior funcionalidade no corpo.
O T4 é a forma de reserva do T3, uma vez que este último quadruplica a sua funcionalidade. O processo de conversão de T4 em T3 ocorre na própria tireoide e em outras partes do corpo.
Sabemos que toda essa terminologia é um pouco confusa, mas é necessário conhecê-la para entender a tireoidite de Hashimoto. Sem mais delongas, vamos abordar a própria patologia em si.
Causas da tireoidite de Hashimoto
De acordo com a Clínica Mayo, a tireoidite de Hashimoto é de natureza autoimune. O sistema imunológico (que protege o corpo) não reconhece a tireoide e, por essa razão, começa a gerar anticorpos para atacar os seus tecidos. Isso causa inflamação na glândula e uma drástica redução da sua capacidade funcional.
Os 2 anticorpos que geralmente são medidos para detectar esta doença são os anticorpos da tireoglobulina (TgAb) e da tireoide peroxidase (TPO). Este último ataca uma enzima tireoidiana que desempenha um papel essencial na produção dos hormônios tireoidianos.
Conforme indicado pelo NIH, o mundo científico ainda não tem certeza da razão para essa rejeição autoimune em primeiro lugar. No entanto, suspeita-se que esse tipo de transtorno decorra de uma combinação de genética e um gatilho externo, como, por exemplo, uma infecção viral.
Quando essa patologia ocorre, os linfócitos se acumulam na glândula tireoide. Eles sintetizam os autoanticorpos que atacam os tecidos da glândula.
Doenças associadas ao seu aparecimento
De acordo com as fontes já citadas, as mulheres têm até 8 vezes mais risco do que os homens de sofrer da tireoidite de Hashimoto. Além disso, embora possa aparecer em qualquer idade, as pessoas entre 40 e 60 anos são mais suscetíveis. Até 2% da população mundial pode desenvolvê-la.
Além disso, a probabilidade de apresentar essa patologia aumenta se outros membros da família já a tiverem. Vamos apresentar na lista a seguir algumas das doenças autoimunes que às vezes estão associadas ao seu aparecimento:
- Doença de Addison.
- Doença celíaca.
- Diabetes tipo 1.
De qualquer forma, o aparecimento dessas patologias no paciente não necessariamente significa que ele vá apresentar a doença de Hashimoto no futuro. Conforme dissemos nas linhas anteriores, ainda há muito a ser descoberto sobre o seu aparecimento.
Sintomas da tireoidite de Hashimoto
A tireoidite de Hashimoto é a principal causa de hipotireoidismo em regiões onde a ingestão de iodo é adequada. Pela primeira vez em todo o espaço, nomeamos um termo-chave e indivisível da patologia da qual estamos falando: hipotireoidismo.
O ataque dos linfócitos à glândula tireoide faz com que ela produza menos hormônios tireoidianos e, como consequência, há falhas gradativas e a tireoide é considerada hipoativa. Isso dá lugar ao hipotireoidismo conhecido por todos, ou seja, a falta dos hormônios T3 e t4 no corpo.
De acordo com o portal médico Thyroid.org não há um sinal clínico único que evidencie a tireoidite de Hashimoto. Além disso, uma vez que a sua progressão é lenta, os pacientes podem não perceber nenhum sinal durante os estágios iniciais do seu desenvolvimento. Conforme a condição progride, os seguintes sintomas se tornam cada vez mais aparentes:
- Fadiga, preguiça e depressão.
- Rosto inchado, pele pálida e unhas quebradiças.
- Perda de cabelo.
- Aumento do tamanho da língua.
- Dor, sensibilidade e rigidez muscular.
- Sangramento menstrual excessivo ou prolongado.
- Ganho de peso inexplicável.
- Constipação.
- Dificuldade para pensar ou alcançar um certo grau de concentração.
Em situações extremas, esse tipo de hipotireoidismo pode causar insuficiência cardíaca, mixedema, insuficiência respiratória e coma com perda de consciência. Conforme indicado pela Clínica Universidad de Navarra (CUN), a taxa de mortalidade neste ponto é muito elevada.
O coma mixedematoso tem uma taxa de mortalidade em pacientes com hipotireoidismo de 30% se não for tratado imediatamente.
Diagnóstico da tireoidite de Hashimoto
Quando o paciente chega ao médico com sintomas de hipotireoidismo, uma das principais suspeitas ao exame físico é a presença do bócio, ou seja, de uma tireoide aumentada. Este sinal anatômico é indolor em muitos casos, mas pode causar dificuldade para engolir e respirar.
Se o profissional médico acreditar que o indivíduo tenha a tireoidite de Hashimoto, é possível recorrer a diferentes exames laboratoriais. A Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos expõe os mais importantes, e vamos falar sobre as suas particularidades nas linhas a seguir.
1. Exame de T4
O T4 é o principal hormônio produzido na tireoide. Por esse motivo, a quantidade de T4 livre no sangue pode indicar a funcionalidade da glândula. Este exame é simples de fazer, pois requer apenas uma amostra do sangue do paciente. A faixa normal típica vai de 0,9 a 2,3 nanogramas por decilitro, ou de 12 a 30 picomoles por litro.
2. T3 total
É uma premissa muito semelhante à anterior, mas, neste caso, quantifica-se a quantidade do hormônio T3 no sangue. A faixa normal de valores é de 60 a 180 nanogramas por decilitro de sangue na forma normal e 130 a 450 picogramas por decilitro na forma livre.
3. Exame de autoanticorpos
Neste caso, trata-se de procurar anticorpos circulantes associados à destruição da glândula tireoide. Em geral, a presença dos anticorpos tireoglobulina e peroxidase tireoidiana explicam os sintomas do paciente.
Tratamento da tireoidite de Hashimoto
Chegamos ao fim, mas talvez esta seja a parte mais importante de tudo o que foi exposto até agora. É hora de explorar o tratamento clínico e doméstico necessário para lidar com a doença de Hashimoto. O portal Kids Health e outras fontes já citadas nos informam como enfrentar essa patologia.
Administração de hormônios sintéticos
O tratamento do hipotireoidismo causado pela tireoidite de Hashimoto envolve a reposição da produção da tireoide. A forma mais eficaz de compensar essa disfunção é prescrever análogos sintéticos ao hormônio T4, já que ele se transforma em T3 naturalmente no corpo e a sua vida é mais longa.
As preparações comerciais desses medicamentos (Levoxyl ® ou Synthroid ®) contêm cerca de 50 ou 100 microgramas do composto por comprimido. A dose oral é administrada apenas uma vez ao dia com o estômago vazio, mas, de qualquer forma, a quantidade apropriada depende da resposta individual.
É necessário manter um monitoramento contínuo do paciente até que os níveis de hormônio tireoidiano no sangue voltem ao normal.
É necessário fazer uma combinação de hormônios?
Encontrar uma resposta para essa pergunta é um assunto controverso na ciência. Embora existam alguns especialistas a favor da substituição de parte da dose de T4 por T3, muitas pesquisas indicam que isso não traz nenhum benefício claro.
Por outro lado, a administração direta de T3 (Cytomel) pode ser positiva para os pacientes que tiveram a tireoide totalmente removida. Os estudos sobre o assunto ainda estão em desenvolvimento, pois não há uma resposta clara até o momento.
Uma doença complexa e importante
Percorremos a tireoidite de Hashimoto em detalhes, então não custa fazer um esboço final com todas as ideias que devem ficar claras. Vamos lá:
- A glândula tireoide participa da síntese dos hormônios T3 e T4, essenciais para quase todos os processos fisiológicos do ser humano.
- A tireoidite de Hashimoto ocorre quando o sistema imunológico ataca o tecido tireoidiano por engano. Isso causa uma diminuição na funcionalidade da tireoide e, portanto, o hipotireoidismo.
- O hipotireoidismo se manifesta com uma série de sintomas inespecíficos que pioram com o tempo. O bócio é um dos mais evidentes.
- A causa da tireoidite de Hashimoto ainda não é totalmente conhecida, mas acredita-se que ela tenha tanto um componente genético quanto um ambiental.
- O diagnóstico é feito com base em uma série de exames de sangue.
- O tratamento consiste na administração de análogos sintéticos aos hormônios tireoidianos.
Com esta série de pontos-chave, ficam claros os fundamentos da patologia que descrevemos aqui. A tireoidite de Hashimoto é a principal causa de hipotireoidismo em países de alta renda, mas, felizmente, a sua abordagem é simples quando os medicamentos estão disponíveis nas doses certas.
- Las hormonas tiroideas: que son y para qué sirven, AECAT. Recogido a 4 de marzo en https://www.aecat.net/2015/07/16/las-hormonas-tiroideas-que-son-y-para-que-sirven/
- Enfermedad de Hashimoto, Clínica Mayo. Recogido a 4 de marzo en https://www.mayoclinic.org/es-es/diseases-conditions/hashimotos-disease/symptoms-causes/syc-20351855
- Enfermedad de Hashimoto, NIH. Recogido a 4 de marzo en https://www.niddk.nih.gov/health-information/informacion-de-la-salud/enfermedades-endocrinas/enfermedad-de-hashimoto
- Enfermedad de Hashimoto, Thyroid.org. Recogido a 4 de marzo en http://www.thyroid.org/wp-content/uploads/patients/brochures/espanol/tiroiditis_de_hashimoto.pdf
- Tiroiditis de Hashimoto, CUN. Recogido a 4 de marzo en https://www.cun.es/enfermedades-tratamientos/enfermedades/tiroiditis-hashimoto
- Tiroiditis crónica, Medlineplus.gov. Recogido a 4 de marzo en https://medlineplus.gov/spanish/ency/article/000371.htm#:~:text=Es%20una%20afecci%C3%B3n%20causada%20por,conoce%20como%20Enfermedad%20de%20Hashimoto.
- Hipotiroidismo y enfermedad de Hashimoto, KidsHealth. Recogido a 4 de marzo en https://kidshealth.org/es/parents/hypothyroidism-esp.html#:~:text=Los%20niveles%20elevados%20de%20estos,la%20peroxidasa%20tiroidea%20(TPO).