Filofobia ou medo de se apaixonar: o que é e como superá-lo
Embora pareça algo fora do comum, muitas pessoas no mundo experimentam a filofobia. Como o próprio nome indica, essa é uma fobia que pode causar graves consequências para as pessoas que sofrem dela, se não forem tratadas a tempo.
Como muitas outras fobias, ela pode provocar sintomas físicos, psicológicos e emocionais nas pessoas afetadas. Além disso, pode mergulhá-los em um isolamento cruel, que inclui dificuldades de socialização e estados de depressão severa.
O que é filofobia?
Segundo o Dicionário brasileiro da língua portuguesa, uma fobia é um “medo angustiante e incontrolável de certos atos, ideias, objetos ou situações, que é absurdo e se aproxima da obsessão”. Filofobia é a fobia ou medo de se apaixonar.
Aqueles que já experimentaram a sensação de se apaixonar podem se perguntar como alguém pode ter medo dessa bela sensação.
A verdade é que sim, apaixonar-se para muitos gera um medo enorme e incontrolável que pode ter consequências graves. Vai além do nervosismo ou do medo de iniciar um novo relacionamento.
Assim, quem sofre com o medo de se apaixonar pode experimentar estados de ansiedade e necessidade de fugir caso se depare com uma situação de amor. Em casos mais graves, as pessoas podem se isolar de sua própria família e amigos, por medo de serem feridos.
Essa fobia pode ser o resultado de uma separação amorosa ou experiência de rejeição que não sempre está ligada a uma fase amorosa. Também pode ser desencadeada por acontecimentos vividos na infância ou relacionados a experiências sofridas pelos pais, como uma separação violenta.
De fato, a Clínica Mayo aponta que as fobias podem ser por causas genéticas ou podem surgir de comportamentos aprendidos, talvez dos pais. Além disso, revela que elas podem criar mudanças no funcionamento cerebral que levam ao desenvolvimento de fobias específicas.
Como saber se sofro de filofobia?
Como já mencionamos, o medo de se apaixonar é uma fobia específica e duradoura que pode afetar a qualidade de vida de quem a sofre. As fobias são um dos transtornos de ansiedade mais comuns. Isso quer dizer que o principal sintoma que indica se sofremos de filofobia é a ansiedade.
Existem também outros sintomas que podem nos alertar de que estamos sofrendo desse medo, como os seguintes:
Nervosismo
É claro que, diante de uma nova relação amorosa, pode surgir a sensação de nervosismo. No entanto, se isso for acompanhado de ataques de pânico, palpitações e até distúrbios gastrointestinais e estresse, temos de prestar especial atenção.
Repressão de sentimentos
O medo de se apaixonar pode levar os pacientes com essa fobia a reprimir seus sentimentos, fugir ou isolar-se para não ser exposto ao estresse e à ansiedade que o início do relacionamento com outra pessoa podem causar.
Relações sexuais casuais
Quando uma pessoa prefere encontros sexuais espontâneos ao invés de ter relacionamentos sólidos e baseados em confiança, então ela pode estar enfrentando a filofobia. Dessa forma, as pessoas que sofrem com esse transtorno satisfazem seus instintos sexuais sem se envolver em relacionamentos.
Nos casos em que esses encontros casuais passam a despertar outro tipo de sentimento, é comum vivenciar o isolamento ou o desaparecimento da pessoa.
Amores impossíveis
Quando a pessoa não reconhece ou não sabe que sofre de fobia de se apaixonar, pode atribuir sua situação a amores impossíveis ou platônicos, não a sua incapacidade de estabelecer a relação. Esta é uma forma de negação diante da situação.
Outros sintomas
Como já mencionamos, a filofobia pode desencadear outros sintomas que coincidem com um transtorno de ansiedade, por isso é comum que se apresente os seguintes sintomas:
- Tontura
- Náuseas.
- Suor excessivo
- Taquicardia.
- Tremores
- Falta de ar.
- Confusão.
Como superar o medo de se apaixonar?
Procurar atendimento médico para tratar uma fobia pode ser complexo, pois os sintomas que se apresentam tendem a estar relacionados a uma doença física.
De fato, a filofobia não está listada no Manual de Diagnóstico e Estatística (DSM) da Associação Americana de Psiquiatria, portanto, não será possível que um médico o diagnostique dizendo que tem medo de se apaixonar.
No entanto, existem algumas opções que podem funcionar para pacientes que decidem procurar ajuda profissional, ela são as seguintes:
Terapia
Estudos indicam que a terapia cognitivo comportamental (TCC) mostrou ser um tratamento eficaz para o controle de fobias específicas. Essa técnica se baseia na hipótese de que evitar a fonte da fobia somente aumenta os sintomas por evitação.
Assim, sugere-se que a exposição ao estímulo de forma controlada, progressiva e gradativa pode, a longo prazo, ajudar o paciente a superar seu medo. O objetivo é que a pessoa identifique a origem de seu medo, identifique como isso a faz se sentir e comece a trabalhar para mudar esses pensamentos e reações.
Medicamento
Nos casos mais extremos de controle dos sintomas e efeitos da fobia de se apaixonar, o profissional de saúde que está tratando do caso pode recomendar o uso de medicamentos. O tratamento inclui antidepressivos ou ansiolíticos.
Devido ao isolamento e ao medo de se socializar, as pessoas podem desenvolver dependência a substâncias alucinógenas, como álcool ou drogas.
Um caso real e famoso de filofobia
Em muitos filmes, os protagonistas, especialmente os homens, mostram uma espécie de fobia ao apaixonar. Nela podemos evidenciar sintomas como a negação, a ansiedade e as relações sexuais constantes para evitar o estabelecer um relacionamento amoroso. Porém, esta não é uma condição que só os homens sofrem e não é algo distante da realidade.
Um dos casos mais famosos documentados sobre a filofobia foi protagonizado pela Rainha Elizabeth I da Inglaterra.
Os historiadores relataram o seu caso e o atribuíram à desgraça de ter que presenciar a execução de sua mãe Ana Bolena por ter se apaixonado por seu primo. Quando descobriu que foi enganado, o rei Henrique VIII a condenou à morte e causou o maior trauma à sua própria filha.
Segundo diferentes relatos sobre a vida da também conhecida como “rainha virgem”, ela nunca se apaixonou e preferiu satisfazer sua solidão com diversos amantes, sem pensar na ideia de um casamento.
A raiz disso ela criou a ideia de que todas as relações amorosas, como a de seus pais, estavam destinadas a ter um fim trágico e nada perto do sentimento de amor.
É possível superar a filofobia ou o medo de se apaixonar
Como você pode perceber, a filofobia ou o medo ao amor é algo real e muitas pessoas sofrem com isso. Vai além das linhas tradicionais dos filmes de amor em que o protagonista expressa seu medo, mas de um momento a outro ele se cura e se casa com o amor de sua vida. Estamos falando de um transtorno sério que requer atenção e tratamento.
O mais importante é saber que essa patologia tem um tratamento capaz de melhorar a qualidade de vida. O atendimento psicológico fornece as ferramentas para manter esse medo, bem como seus sintomas de ansiedade e estresse, afastado.
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