Endometriose: sintomas, causas e tratamentos

A endometriose pode passar despercebida por muitas pacientes, por isso é considerada uma condição subdiagnosticada. Do ponto de vista clínico, caracteriza-se por dor pélvica de moderada a forte intensidade, que pode ser desencadeada em algumas situações particulares.
O diagnóstico envolve uma combinação de elementos clínicos e de imagem, embora a exploração laparoscópica seja amplamente aceita. Quer saber um pouco mais sobre essa condição interessante? Abaixo você encontrará um artigo completo sobre suas principais características.
Definição e epidemiologia da endometriose
A endometriose é a presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina (de forma ectópica). Este tecido forma o revestimento interno do útero e tem forte atividade hormonal. Além disso, parte do endométrio se desprende durante a menstruação, algo que pode estar relacionado ao surgimento da patologia.
Esse tecido anormal possui glândulas que liberam hormônios, portanto o distúrbio pode ser classificado como dependente de estrogênio e inflamatório. Devido ao diagnóstico difícil, sua prevalência exata é desconhecida.
Vários estudos sugerem que entre 6 e 10% das mulheres em idade reprodutiva podem sofrer dessa condição. A gravidade é variável e os sintomas nem sempre ocorrem.
Este número pode aumentar até 50% em pacientes com problemas de infertilidade. De fato, como parte do plano de estudo dessas pacientes, é necessário o uso de técnicas de imagem para determinar a presença de tecido endometrial ectópico.
Sintomas
A dor é o principal sintoma desta condição. Isso corresponde à localização do tecido ectópico, geralmente na pelve. Pode ocorrer espontaneamente, durante a menstruação (dismenorreia), durante a relação sexual (dispareunia) ou durante a defecação (disquezia).
Disquezia e dispareunia são menos frequentes, embora possíveis. Nem sempre ocorrem e tendem a ser de intensidade moderada. A menos que a sensação seja muito desconfortável, muitas pacientes podem viver sem um diagnóstico adequado.
A infertilidade é considerada um distúrbio adicional e não um sintoma. Às vezes pode ocorrer devido a problemas mecânicos, como obstrução de uma das trompas de falópio por tecido ectópico. Em outros casos, é devido a fenômenos hormonais.

Causas da endometriose
Hoje é aceito que a endometriose tem origem multicausal. As hipóteses mais aceitas são a da menstruação retrógrada, células-tronco e restos müllerianos.
A menstruação retrógrada não é um fenômeno estranho, pois pode ocorrer em mulheres sem endometriose. É a passagem do fluxo menstrual em sentido contrário ao da via vaginal, de modo que o conteúdo pode subir em direção às tubas uterinas. A partir daí é possível que as células endometriais se espalhem para o restante da cavidade abdominal.
O caso das células-tronco é um pouco mais complexo. Estas podem ser encontradas em vários locais do corpo e durante o desenvolvimento fetal são abundantes e se desenvolvem para dar origem a diferentes tecidos. Estímulos hormonais podem influenciar a diferenciação do tecido endometrial fora da cavidade uterina.
Os ductos müllerianos são estruturas embrionárias capazes de originar parte do sistema reprodutor masculino e feminino. Durante o desenvolvimento fetal, algumas de suas células devem migrar de sua localização original para atingir esse objetivo. Essa teoria postula que alguns resquícios dessa migração poderiam ficar alojados na pelve.
Diagnóstico de endometriose
O método diagnóstico mais preciso é a biópsia das lesões, que só pode ser acessada por meio de cirurgia, com algumas exceções. No entanto, a menos que a resolução cirúrgica seja essencial, uma combinação de elementos clínicos e de imagem é suficiente.
Histórico médico e exame físico
Como parte da avaliação, pode ser necessário um exame físico vaginal. Isso pode ser feito por observação com um espéculo estéril ou por palpação manual. Embora o exame possa ser normal, também existem anormalidades inespecíficas que podem sugerir a presença de endometriose.
Algumas das descobertas que o médico pode encontrar são as seguintes:
- Hipersensibilidade durante o toque ou mobilização do colo do útero.
- Palpação de nódulos moles em qualquer localização.
- Massas nos anexos uterinos.
- Lateralização do colo do útero.
Técnicas de imagem
As vantagens do ultrassom ou ecossonografia são o baixo custo, a ausência de radiação e a possibilidade de obtenção de imagens rapidamente. No entanto, a eficácia do estudo depende do operador. Felizmente, existem características muito particulares que permitem aos médicos identificar os endometriomas.
A ressonância magnética nuclear também não utiliza radiação, apesar de seu custo ser consideravelmente superior ao do ecossonograma. Tem a vantagem de permitir observar com mais detalhes as lesões, principalmente as que estão fora da cavidade pélvica.
Estudos laboratoriais
O uso de exames laboratoriais para o diagnóstico dessa doença é menos comum. Nos últimos anos, muitos recursos foram investidos no desenvolvimento de um biomarcador sanguíneo específico para a endometriose.
No entanto, de acordo com uma metanálise recente, nenhuma das substâncias até agora estudadas (mais de uma dúzia) é útil para o diagnóstico. Portanto, as opções não invasivas se resumem a suposições clínicas e técnicas de imagem.
Diagnóstico cirúrgico
Apesar de ser um procedimento invasivo, a cirurgia e posterior biópsia das lesões são o método diagnóstico definitivo que existe atualmente. A cirurgia geralmente é feita por laparoscopia, a menos que a endometriose esteja na vagina e não seja acessível cirurgicamente.
A laparoscopia é uma técnica minimamente invasiva que se baseia na introdução de ferramentas através de pequenos orifícios na cavidade abdominal. A vantagem é que pode ser usada para fins diagnósticos e não apenas terapêuticos.
Tratamento de endometriose
Existem duas modalidades terapêuticas para resolver o problema. A mais eficaz é cirúrgica.
Tratamento médico

Anti-inflamatórios não esteróides podem ser usados para reduzir a dor, pelo menos inicialmente. Estes incluem, por exemplo, ibuprofeno. Embora sejam amplamente utilizados, não há evidências suficientes para confirmar sua eficácia.
O restante das drogas gera mudanças hormonais no organismo com o objetivo de modificar a dinâmica da endometriose. Anticoncepcionais orais, progestágenos e agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) são os mais amplamente utilizados. Os anticoncepcionais orais mais eficazes são aqueles que contêm etinilestradiol e progesterona combinados.
O uso de progestágenos orais está associado à atrofia (diminuição do tamanho das células) do tecido endometrial ectópico. Apesar disso, tendem a gerar efeitos adversos como sangramento uterino anormal e alterações comportamentais.
Os agonistas de GnRH são bem-sucedidos em suprimir a liberação hipofisária de substâncias associadas aos hormônios sexuais femininos. Embora possa ser útil para o tratamento desta condição, as pacientes podem desenvolver diminuição da libido e secura vaginal.
Tratamento cirúrgico
Quando o tratamento médico falhou, a dor é intensa ou não há outra opção disponível, a resolução cirúrgica é a mais adequada. A laparoscopia, além de ser o método diagnóstico por excelência, também é utilizada como terapia.
Isso permite a remoção parcial ou total do tecido endometrial e é um procedimento minimamente invasivo que reduz muito a possibilidade de complicações. A redução da dor após a intervenção é bastante considerável, apesar do fato de que as recorrências são possíveis.
A endometriose é benigna, mas complicada
A endometriose pode passar despercebida até que a dor pélvica se torne muito incômoda ou haja casos de infertilidade. Quando é detectada, as opções de tratamento são limitadas, mas geralmente são eficazes.
Em caso de dúvida ou suspeita de doença, é preferível agendar uma consulta com o médico, que se encarregará de fazer as recomendações pertinentes. É um quadro que não é maligno, mas pode afetar seriamente o desenvolvimento normal da vida de uma mulher.
A endometriose pode passar despercebida por muitas pacientes, por isso é considerada uma condição subdiagnosticada. Do ponto de vista clínico, caracteriza-se por dor pélvica de moderada a forte intensidade, que pode ser desencadeada em algumas situações particulares.
O diagnóstico envolve uma combinação de elementos clínicos e de imagem, embora a exploração laparoscópica seja amplamente aceita. Quer saber um pouco mais sobre essa condição interessante? Abaixo você encontrará um artigo completo sobre suas principais características.
Definição e epidemiologia da endometriose
A endometriose é a presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina (de forma ectópica). Este tecido forma o revestimento interno do útero e tem forte atividade hormonal. Além disso, parte do endométrio se desprende durante a menstruação, algo que pode estar relacionado ao surgimento da patologia.
Esse tecido anormal possui glândulas que liberam hormônios, portanto o distúrbio pode ser classificado como dependente de estrogênio e inflamatório. Devido ao diagnóstico difícil, sua prevalência exata é desconhecida.
Vários estudos sugerem que entre 6 e 10% das mulheres em idade reprodutiva podem sofrer dessa condição. A gravidade é variável e os sintomas nem sempre ocorrem.
Este número pode aumentar até 50% em pacientes com problemas de infertilidade. De fato, como parte do plano de estudo dessas pacientes, é necessário o uso de técnicas de imagem para determinar a presença de tecido endometrial ectópico.
Sintomas
A dor é o principal sintoma desta condição. Isso corresponde à localização do tecido ectópico, geralmente na pelve. Pode ocorrer espontaneamente, durante a menstruação (dismenorreia), durante a relação sexual (dispareunia) ou durante a defecação (disquezia).
Disquezia e dispareunia são menos frequentes, embora possíveis. Nem sempre ocorrem e tendem a ser de intensidade moderada. A menos que a sensação seja muito desconfortável, muitas pacientes podem viver sem um diagnóstico adequado.
A infertilidade é considerada um distúrbio adicional e não um sintoma. Às vezes pode ocorrer devido a problemas mecânicos, como obstrução de uma das trompas de falópio por tecido ectópico. Em outros casos, é devido a fenômenos hormonais.

Causas da endometriose
Hoje é aceito que a endometriose tem origem multicausal. As hipóteses mais aceitas são a da menstruação retrógrada, células-tronco e restos müllerianos.
A menstruação retrógrada não é um fenômeno estranho, pois pode ocorrer em mulheres sem endometriose. É a passagem do fluxo menstrual em sentido contrário ao da via vaginal, de modo que o conteúdo pode subir em direção às tubas uterinas. A partir daí é possível que as células endometriais se espalhem para o restante da cavidade abdominal.
O caso das células-tronco é um pouco mais complexo. Estas podem ser encontradas em vários locais do corpo e durante o desenvolvimento fetal são abundantes e se desenvolvem para dar origem a diferentes tecidos. Estímulos hormonais podem influenciar a diferenciação do tecido endometrial fora da cavidade uterina.
Os ductos müllerianos são estruturas embrionárias capazes de originar parte do sistema reprodutor masculino e feminino. Durante o desenvolvimento fetal, algumas de suas células devem migrar de sua localização original para atingir esse objetivo. Essa teoria postula que alguns resquícios dessa migração poderiam ficar alojados na pelve.
Diagnóstico de endometriose
O método diagnóstico mais preciso é a biópsia das lesões, que só pode ser acessada por meio de cirurgia, com algumas exceções. No entanto, a menos que a resolução cirúrgica seja essencial, uma combinação de elementos clínicos e de imagem é suficiente.
Histórico médico e exame físico
Como parte da avaliação, pode ser necessário um exame físico vaginal. Isso pode ser feito por observação com um espéculo estéril ou por palpação manual. Embora o exame possa ser normal, também existem anormalidades inespecíficas que podem sugerir a presença de endometriose.
Algumas das descobertas que o médico pode encontrar são as seguintes:
- Hipersensibilidade durante o toque ou mobilização do colo do útero.
- Palpação de nódulos moles em qualquer localização.
- Massas nos anexos uterinos.
- Lateralização do colo do útero.
Técnicas de imagem
As vantagens do ultrassom ou ecossonografia são o baixo custo, a ausência de radiação e a possibilidade de obtenção de imagens rapidamente. No entanto, a eficácia do estudo depende do operador. Felizmente, existem características muito particulares que permitem aos médicos identificar os endometriomas.
A ressonância magnética nuclear também não utiliza radiação, apesar de seu custo ser consideravelmente superior ao do ecossonograma. Tem a vantagem de permitir observar com mais detalhes as lesões, principalmente as que estão fora da cavidade pélvica.
Estudos laboratoriais
O uso de exames laboratoriais para o diagnóstico dessa doença é menos comum. Nos últimos anos, muitos recursos foram investidos no desenvolvimento de um biomarcador sanguíneo específico para a endometriose.
No entanto, de acordo com uma metanálise recente, nenhuma das substâncias até agora estudadas (mais de uma dúzia) é útil para o diagnóstico. Portanto, as opções não invasivas se resumem a suposições clínicas e técnicas de imagem.
Diagnóstico cirúrgico
Apesar de ser um procedimento invasivo, a cirurgia e posterior biópsia das lesões são o método diagnóstico definitivo que existe atualmente. A cirurgia geralmente é feita por laparoscopia, a menos que a endometriose esteja na vagina e não seja acessível cirurgicamente.
A laparoscopia é uma técnica minimamente invasiva que se baseia na introdução de ferramentas através de pequenos orifícios na cavidade abdominal. A vantagem é que pode ser usada para fins diagnósticos e não apenas terapêuticos.
Tratamento de endometriose
Existem duas modalidades terapêuticas para resolver o problema. A mais eficaz é cirúrgica.
Tratamento médico

Anti-inflamatórios não esteróides podem ser usados para reduzir a dor, pelo menos inicialmente. Estes incluem, por exemplo, ibuprofeno. Embora sejam amplamente utilizados, não há evidências suficientes para confirmar sua eficácia.
O restante das drogas gera mudanças hormonais no organismo com o objetivo de modificar a dinâmica da endometriose. Anticoncepcionais orais, progestágenos e agonistas do hormônio liberador de gonadotrofinas (GnRH) são os mais amplamente utilizados. Os anticoncepcionais orais mais eficazes são aqueles que contêm etinilestradiol e progesterona combinados.
O uso de progestágenos orais está associado à atrofia (diminuição do tamanho das células) do tecido endometrial ectópico. Apesar disso, tendem a gerar efeitos adversos como sangramento uterino anormal e alterações comportamentais.
Os agonistas de GnRH são bem-sucedidos em suprimir a liberação hipofisária de substâncias associadas aos hormônios sexuais femininos. Embora possa ser útil para o tratamento desta condição, as pacientes podem desenvolver diminuição da libido e secura vaginal.
Tratamento cirúrgico
Quando o tratamento médico falhou, a dor é intensa ou não há outra opção disponível, a resolução cirúrgica é a mais adequada. A laparoscopia, além de ser o método diagnóstico por excelência, também é utilizada como terapia.
Isso permite a remoção parcial ou total do tecido endometrial e é um procedimento minimamente invasivo que reduz muito a possibilidade de complicações. A redução da dor após a intervenção é bastante considerável, apesar do fato de que as recorrências são possíveis.
A endometriose é benigna, mas complicada
A endometriose pode passar despercebida até que a dor pélvica se torne muito incômoda ou haja casos de infertilidade. Quando é detectada, as opções de tratamento são limitadas, mas geralmente são eficazes.
Em caso de dúvida ou suspeita de doença, é preferível agendar uma consulta com o médico, que se encarregará de fazer as recomendações pertinentes. É um quadro que não é maligno, mas pode afetar seriamente o desenvolvimento normal da vida de uma mulher.
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