Diferenças entre vacinas e antídotos
Um grande número de substâncias diferentes é usado no tratamento de doenças. Dentre os compostos utilizados, destacam-se medicamentos, vacinas e antídotos. Em geral, as pessoas confundem vacinas com antídotos, embora suas diferenças sejam muito marcantes.
O corpo humano está em equilíbrio dinâmico com o meio ambiente e se adapta constantemente para sua sobrevivência. As pessoas estão expostas a microrganismos, vírus e toxinas. Todas essas substâncias devem ser neutralizadas ou removidas para garantir uma boa saúde.
Antídotos e vacinas são algumas das ferramentas utilizadas para neutralizar compostos prejudiciais ao corpo humano. Essas substâncias têm muitas semelhanças entre si, embora tenham várias diferenças em sua estrutura, mecanismo de ação e usos.
1. Estrutura química
A estrutura química das vacinas e antídotos é uma das principais diferenças entre os dois produtos. Ela determina o mecanismo de ação e os usos terapêuticos. As vacinas geralmente consistem em antígenos, adjuvantes e estabilizadores.
Os antígenos são pequenas moléculas estranhas ao corpo, obtidas de um germe morto ou fraco. Essas moléculas são extraídas de bactérias ou vírus que são processados em laboratórios especializados. Hoje existem muitos antígenos conhecidos, como vírus da hepatite, sarampo, meningococo e pneumococo, e os adjuvantes e estabilizadores são projetados para garantir a durabilidade e eficácia das vacinas.
Por outro lado, os antídotos incluem uma grande variedade de produtos químicos de origem animal, vegetal ou sintética. Alguns antídotos são sintetizados a partir de produtos tóxicos para neutralizá-los.
2. Mecanismo de ação
Antídotos e vacinas têm o objetivo comum de proteger o corpo humano de um agente nocivo. No entanto, eles seguem caminhos diferentes para cumprir essa tarefa. Por outro lado, a vacinação visa imunizar as pessoas contra os germes infecciosos, evitando que invadam os tecidos ou causem um quadro mais grave.
O corpo humano responde à vacina fortalecendo suas defesas naturais. Para isso, aumenta a produção de anticorpos responsáveis por identificar e destruir os germes específicos contidos na vacina. Desta forma, o sistema imunológico irá reagir imediatamente a uma possível infecção, impedindo a progressão da doença.
Algumas pesquisas afirmam que os antídotos têm como objetivo neutralizar e neutralizar os efeitos de um veneno, toxina ou substância química que entrou no corpo. Hoje, o carvão ativado é considerado o antídoto universal.
Os antídotos atuam diretamente sobre o agente nocivo, bloqueando seus efeitos. Eles são capazes de alterar e até destruir a estrutura química do veneno. Alguns antídotos prendem a substância nociva e impedem sua absorção pelos tecidos.
3. Usos
A função básica das vacinas é prevenir certas doenças infecciosas de origem viral ou bacteriana. Além disso, também atuam reduzindo o risco de sofrer um quadro clínico mais grave.
Entre as patologias que podem ser prevenidas com uma vacina estão as seguintes:
- Rotavírus.
- Rubéola e sarampo.
- Febre amarela.
- Hepatite A e B.
- Poliomielite.
- Coqueluche.
- Difteria e tétano.
Por outro lado, os antídotos são úteis no tratamento de intoxicações por compostos químicos, drogas ou venenos animais. Dessa forma, reduzem os efeitos adversos dessas substâncias no organismo.
Algumas das intoxicações tratadas com antídotos são as seguintes:
- Veneno de escorpião.
- Toxinas de cobra.
- Pesticidas.
- Opióides e benzodiazepínicos.
- Antidepressivos.
- Metais pesados.
De fato, alguns estudos atestam que a N-acetilcisteína é um dos antídotos mais usados nas intoxicações por hepatotóxicos. Nesse sentido, vacinas e antídotos têm aplicações muito diferentes.
4. Tipos
A grande variedade de vacinas e antídotos é uma das maiores diferenças entre as duas substâncias. Atualmente, estão disponíveis 4 tipos de vacinas de acordo com a composição e o tipo de resposta esperada.
Entre as principais apresentações estão as seguintes:
- Viva atenuada: são vacinas que contêm uma forma enfraquecida do germe responsável pela doença. Nesse grupo está o triplo viral e o que é contra a varicela.
- Inativado: usam uma versão inativada ou morta de um vírus ou bactéria.
- Vacinas de subunidade ou recombinantes: utilizam fragmentos específicos do germe, como proteínas ou açúcares. A vacina contra hepatite B usa essa tecnologia.
- Com toxóides: contêm as toxinas liberadas pelo microrganismo infeccioso. Por isso, a resposta imune terá como objetivo neutralizar a toxina e não o germe. Nesse grupo está a vacina contra o tétano e a difteria.
Por outro lado, os antídotos incluem um repertório variado de compostos que podem ser classificados de acordo com o mecanismo que cumprem no corpo:
- Competitivos: são aqueles que competem com o agente tóxico pelo seu local de atividade. Entre eles estão flumazenil, oxigênio, fisostigmina e atropineº.
- Bloqueadores: essas substâncias inibem a ação do veneno no organismo. Silibinin e fomepizole são algumas das formas mais comuns desse tipo.
- Restauradores : permitem recuperar o equilíbrio interno e a concentração de metabolitos essenciais à vida. Nesse grupo é possível classificar glicose, glucagon e piridoxina.
- Quelantes: ligam-se ao agente nocivo e previnem sua ação, favorecendo a eliminação pelos rins ou intestinos. Alguns dos mais usados com dimercaptol e antiveneno e antibotulina.
- Redutores : alteram a composição e estrutura química da substância tóxica. Um exemplo claro é o ácido ascórbico e o azul de metileno.
Duas substâncias que podem salvar vidas
Apesar de suas diferenças, antídotos e vacinas são substâncias responsáveis por salvar milhões de vidas em todo o mundo. Por isso, as pessoas devem saber qual é a utilidade desses produtos e quando devem ser administrados. Usar na hora certa pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
Por outro lado, se você tiver alguma dúvida ou preocupação sobre essas substâncias, não hesite em procurar atendimento médico. Os profissionais de saúde são os únicos capacitados para avaliar o estado geral das pessoas e oferecer as melhores ferramentas terapêuticas.
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