Cistite: sintomas, causas e tratamentos
A cistite é uma doença caracterizada pela inflamação da mucosa da bexiga. Pode ser de origem infecciosa, embora uma pequena proporção dos casos esteja relacionada a outros motivos.
Quando as infecções bacterianas são as responsáveis, há uma grande variedade de antibióticos que podem ser administrados. No entanto, o seu uso indiscriminado deve ser evitado por causa do risco de resistência aos antimicrobianos.
Preparamos este breve artigo para que você conheça os aspectos mais importantes sobre essa doença tão interessante. Continue lendo!
Como a cistite pode ser classificada?
Dependendo da frequência com que a doença ocorre, é possível distinguir dois tipos: esporádica e recorrente. Vamos falar sobre eles a seguir.
Esporádica
Muitos pacientes, em um determinado momento de suas vidas, apresentam uma cistite que não volta a se repetir. Isso é conhecido como um episódio esporádico.
Em geral, caracteriza-se por ser um quadro clínico sem complicações, desde que o paciente receba um diagnóstico precoce e o tratamento oportuno.
Recorrente
Este termo é usado para descrever os casos de cistite que se repetem constantemente ao longo do tempo. Isso pode acontecer com pacientes que tenham algum tipo de imunossupressão ou que precisam utilizar sonda vesical para urinar.
Por que essa doença ocorre?
Do ponto de vista epidemiológico, as infecções urinárias são mais frequentes em mulheres. Isso se deve a fatores anatômicos e fisiológicos, tais como:
- Uretra mais curta.
- Abundância de bactérias na região genital.
- Proximidade do orifício uretral externo à região anal.
Tudo isso favorece a entrada de microrganismos no trato urinário através da uretra. Portanto, uma grande proporção dos casos de cistite são de origem infecciosa. A bactéria envolvida geralmente é a Escherichia coli, responsável por outras infecções do trato urinário.
Nem sempre é o resultado de uma infecção
Este grupo inclui qualquer outra causa de inflamação na bexiga cuja origem não esteja relacionada à infecção por microrganismos patogênicos. Por exemplo, o uso prolongado de alguns medicamentos (como a ciclofosfamida) e a aplicação de radiação pélvica podem causar alguns tipos de cistite.
O mesmo ocorre em pacientes do sexo feminino que costumam utilizar produtos químicos para a higiene genital. Às vezes, isso gerar reações alérgicas locais capazes de se espalhar para a mucosa vesical.
Fatores de risco
Algumas condições podem aumentar a probabilidade de cistite, tais como:
- Ter hiperplasia prostática benigna ou qualquer outra doença que aumente o tamanho da próstata.
- Imunossupressão, como acontece com os pacientes que utilizam corticosteroides de forma prolongada.
No caso das mulheres, ter relações sexuais sem o uso de preservativos e ter passado pela menopausa são fatores de risco adicionais que podem torná-las mais propensas a cistites recorrentes.
Sintomas mais frequentes
As manifestações clínicas da cistite são semelhantes às de outras infecções do trato urinário inferior, incluindo a necessidade constante e urgente de urinar. Isso está intimamente relacionado com dor, desconforto e queimação durante a eliminação da urina. Às vezes, o odor desse líquido é fétido e a sua aparência é turva.
Como a cistite pode ser diferenciada de uma infecção do trato urinário superior?
A pielonefrite aguda é a infecção do tecido renal e é considerada uma infecção do trato urinário superior. O quadro clínico característico é diferente do da cistite, pois geralmente há febre alta, mal-estar geral, lombalgia, náuseas e vômitos.
Em geral, o risco de complicações em pacientes com pielonefrite é maior, embora isso também possa ocorrer com a cistite.
Complicações da cistite
Em um pequeno grupo de pacientes que não recebe o tratamento adequado, a doença pode progredir e causar danos a outros órgãos. Este é o caso da cistite hemorrágica, caracterizada pela eliminação evidente de sangue através da urina. Isso é chamado de hematúria macroscópica.
Caso as bactérias se reproduzam rapidamente, elas podem subir por todo o trato urinário até chegar aos rins e causar uma pielonefrite. Esses casos podem exigir hospitalização para a administração de antibióticos intravenosos.
Se o paciente afetado não procurar atendimento médico de forma oportuna, é provável que a infecção cause danos em outros órgãos e sistemas. Isso pode levar ao choque séptico, uma condição com risco de vida imediato.
Diagnóstico
Embora as manifestações clínicas da cistite sejam geralmente muito evidentes, os médicos costumam recorrer a exames complementares para confirmar o diagnóstico. Isso não só torna possível determinar uma infecção, como também descobrir o organismo causador.
Os exames mais utilizados são os seguintes:
- Urinálise: a avaliação física, química e microscópica da urina permite diagnosticar uma infecção.
- Urocultura: com uma amostra de urina, é possível observar o crescimento de microrganismos em meios de cultura específicos.
- Hemograma completo: permite a visualização da contagem de glóbulos brancos, que geralmente fica elevada quando há infecções bacterianas.
- Ureia e creatinina: são compostos do sangue cuja medição permite a avaliação da função renal.
Também existem procedimentos invasivos, como a cistoscopia, usada para casos não infecciosos de cistite.
Tratamento
Existem muitos tipos de antibióticos eficazes para tratar a cistite. No entanto, a escolha do médico dependerá de muitos fatores, especialmente quando os resultados da urocultura ainda não estão prontos.
Os dados epidemiológicos disponíveis e as características particulares do paciente são os elementos mais importantes que o especialista leva em consideração.
De acordo com uma publicação da Clínica Mayo, alguns dos antibióticos mais úteis para o tratamento dessas infecções incluem os seguintes:
- Nitrofurantoína.
- Cefalexina.
- Trimetoprima/sulfametoxazol.
- Ceftriaxona.
- Ciprofloxacino e levofloxacino, em algumas ocasiões.
A duração de qualquer um desses tratamentos depende da gravidade clínica e do número de recorrências experimentadas pelo paciente ao longo da vida.
Em caso de complicações, o médico geralmente opta pela internação para a administração de outros medicamentos por via intravenosa.
Por que é importante evitar a automedicação em caso de cistite?
A automedicação é uma prática frequente em muitos países do mundo. Por exemplo, um trabalho de pesquisa (2010) realizado com uma população universitária espanhola revelou que 90,8% dos 501 entrevistados se automedicavam com frequência. Uma proporção considerável dos medicamentos era composta por antibióticos.
Entretanto, o uso constante e indiscriminado de antibióticos leva a um fenômeno conhecido como resistência bacteriana. Os microrganismos desenvolvem mecanismos moleculares que tem como objetivo resistir ao efeito dos medicamentos. Ainda mais perigoso é o fato de que essa resistência pode ser transmitida entre várias bactérias, agravando o problema.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a resistência aos antibióticos uma das maiores ameaças à saúde pública, de acordo com uma de suas publicações.
Por isso, ela recomenda que tanto os profissionais da saúde quanto os pacientes evitem a automedicação. Diante de dúvidas, é sempre aconselhável consultar um médico de confiança.
Diagnóstico precoce e tratamento oportuno: essa é a solução
Recomendamos que, caso você apresente algum dos sintomas acima, você procure um médico o mais rápido possível. Embora a maioria dos casos seja de uma infecção leve, as chances de desenvolvimento de uma complicação aumentam com o passar dos dias.
Para tornar o processo o mais agradável possível, siga estas recomendações :
- Cumpra as indicações médicas à risca.
- Beba muita água.
- Vá ao banheiro quando achar que é necessário; não fique se segurando!
- Limpe muito bem a região genital com água em cada banho.
Em caso de dúvida, marque uma consulta com o seu médico de confiança. Muitos especialistas são treinados para tratar os casos de cistite simples, incluindo os médicos de família e internistas.
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