As 6 doenças hepáticas mais comuns

As doenças hepáticas geralmente se manifestam com inchaço das pernas, icterícia, fácil sangramento, cansaço e mal-estar crônico.
As 6 doenças hepáticas mais comuns
Samuel Antonio Sánchez Amador

Escrito e verificado por el biólogo Samuel Antonio Sánchez Amador.

Última atualização: 27 março, 2021

O fígado é um órgão essencial nos seres vivos que o possuem, pois é responsável por limpar e purificar o sangue, metabolizar proteínas, lipídios e gorduras, sintetizar hormônios e auxiliar a digestão por meio da secreção de bile, entre outras coisas. Por esse motivo, diversas doenças hepáticas que atrofiam esse órgão podem ser fatais a longo prazo.

De acordo com a Associação Catalã de Pacientes Hepáticos (ASSCAT), em alguns países europeus, a prevalência de doenças hepáticas é de 1.100 pacientes por 100.000 habitantes, uma proporção nada desprezível. Vários patógenos e maus hábitos podem causar danos irreversíveis ao fígado, gerando um amplo espectro de sintomas.

Quais são as doenças hepáticas mais comuns?

Conforme indicado pela Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos, o termo doença hepática se refere a um grupo de patologias que impedem o órgão de funcionar ou o que impedem o seu bom funcionamento. Dor abdominal, pele amarelada (icterícia) e outros sinais são típicos de insuficiência hepática crônica.

Muitas doenças hepáticas encontram a sua causa em agentes virais e bacterianos, mas muitas outras estão intimamente relacionadas ao estilo de vida do paciente. A seguir, vamos apresentar uma lista das entidades clínicas mais relevantes relacionadas ao assunto.

1. Cirrose hepática alcoólica

A Organização Mundial da Saúde (OMS) nos recebe com dados que caem como um balde de água fria: a cada ano, ocorrem 3 milhões de mortes devido ao consumo de álcool, ou seja, 5,3% de todas as mortes em nível global. O uso nocivo de álcool causa nada mais nada menos do que 200 patologias diferentes.

A cirrose hepática é, sem dúvida, uma das mais evidentes. Cada vez que o fígado sofre uma lesão – seja qual for a sua origem – os hepatócitos comprometidos, células funcionais do órgão, são substituídos por tecido cicatricial. Conforme essa taxa de cicatrização aumenta, o grau de função hepática diminui.

Na Europa e nos Estados Unidos, as taxas de cirrose hepática são de 250 casos por 100.000 pessoas. Conforme você já deve ter adivinhado, a causa mais comum desse tipo de cirrose é o alcoolismo crônico, uma vez que o álcool é prejudicial ao fígado.

Estima-se que 12% dos alcoólatras vão desenvolver cirrose hepática grave. Ela pode levar à morte.

O alcoolismo pode causar uma das doenças hepáticas mais comuns, a cirrose.
Uma proporção significativa de pacientes alcoólatras desenvolve não apenas cirrose, mas também câncer e insuficiência hepática.

2. Hepatite

A hepatite é uma doença inflamatória que afeta o fígado. Sua causa pode ser infecciosa, imune ou tóxica, mas a variante mais conhecida, sem dúvida, é a viral. A seguir, vamos apresentar uma lista das variantes da hepatite e seus agentes causadores:

  • Hepatite A: é causada pelo vírus da hepatite A (HAV). De acordo com a Asociación de Médicos de Sanidad Exterior (AMSE), estima-se que 1,5 milhão de casos de hepatite A ocorram anualmente, especialmente em países de baixa renda. Felizmente, a sua taxa de mortalidade é baixa (0,5%).
  • Hepatite B: o contágio é causado pelo vírus da hepatite B (VHB), que geralmente é transmitido por meio do contato sexual. Pode causar uma doença aguda ou crônica e, em muitos casos, esta última se transforma em uma cirrose hepática não alcoólica.
  • Hepatite C: é causada pelo vírus da hepatite C (HCV). Estima-se que até 1% da população mundial seja portadora crônica desse vírus.
  • Existem mais variantes, de D até G.

É particularmente notável descobrir a prevalência da hepatite B. Dos 2 bilhões de infecções no mundo todo (50 milhões de novos casos por ano), cerca de 360 milhões são portadores crônicos da doença. Aqueles que apresentam o vírus por mais de 6 meses têm maior risco de desenvolver cirrose, câncer de fígado e outras patologias associadas.

A hepatite B mata mais de 600.000 pessoas anualmente, seja pela própria doença ou pelas suas consequências.

3. Câncer de fígado

O câncer ocorre quando uma linha celular sofre mutação e seu ciclo de vida é perturbado, causando o seu crescimento descontrolado. Isso causa a formação dos temidos tumores neoplásicos (malignos). A migração subsequente das células do tumor primário para outros tecidos do corpo é chamada de metástase.

De acordo com a American Cancer Society, mais de 800.000 pessoas são diagnosticadas com câncer de fígado a cada ano. É o tipo de câncer que mais mata no mundo todo, levando a vida de cerca de 700.000 pacientes a cada ano.

Essa patologia é detectada com muito mais frequência na África Subsaariana e no Sudeste Asiático do que nos Estados Unidos e na Europa. Embora o alcoolismo (cirrose) e o estilo de vida possam propiciar o seu aparecimento, o fator de risco mais difundido para essa neoplasia é a hepatite viral crônica sustentada por mais de 6 meses.

A taxa de sobrevivência após 5 anos do diagnóstico de câncer de fígado localizado é de 31%. Caso seja regional, essa taxa cai para 11%.

4. Esteatose hepática

Também conhecida como fígado gorduroso, a esteatose hepática pode ser causada pelo alcoolismo crônico ou por outros motivos. Vamos nos concentrar na esteatose hepática não alcoólica (NAFLD, na sigla em inglês), uma vez que já falamos bastante sobre os danos do álcool neste órgão.

A NAFLD foi observada em pessoas com sobrepeso e obesidade. A incidência dessa doença está aumentando cada vez mais porque, conforme indica a Organização Mundial da Saúde, essa condição triplicou no mundo desde 1975. Cerca de 625 milhões de pessoas na Terra são obesas, o que predispõe ao desenvolvimento de fígado gorduroso.

O fígado, em condições normais, deve conter pouca ou nenhuma proporção de tecido adiposo. A sua presença excessiva tem sido associada a um risco aumentado de problemas como diabetes, ataques cardíacos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs), entre outros. Felizmente, trata-se de uma condição reversível por meio de mudanças na dieta e um estilo de vida saudável.

Se a gordura permanecer no fígado por muito tempo, os hepatócitos podem ficar inflamados e sofrer danos irreversíveis. Esta patologia não pode ser ignorada.

5. Cirrose biliar primária (CBP)

Estamos diante de outra patologia em que as células funcionais do fígado são destruídas e substituídas por tecido cicatricial, mas, neste caso, o álcool não é a causa. Nesta ocasião, ocorre uma lesão hepática devido à destruição gradual dos ductos biliares intra-hepáticos, embora a razão subjacente seja desconhecida.

De acordo com a Fundação Espanhola do Aparelho Digestivo (FEAD), esta doença é muito mais comum entre os 40 e 60 anos e 90% dos doentes são mulheres. Embora esta patologia cause sintomas típicos conforme vai progredindo, 60% dos casos são diagnosticados na fase assintomática.

6. Insuficiência hepática aguda

De acordo com a Clínica Mayo, a insuficiência hepática aguda é definida como a perda da função hepática, que ocorre repentinamente, geralmente em pacientes sem histórico de doença hepática pré-existente. Também é conhecida como “insuficiência hepática fulminante”, pois pode causar complicações graves em poucos dias.

Alguns dos gatilhos para esta situação grave são os seguintes:

  • Superdosagem de paracetamol: surpreendentemente, a causa mais comum de insuficiência hepática aguda em países de alta renda é o consumo excessivo desse medicamento.
  • Medicamentos controlados: uma pequena porcentagem da população pode apresentar essa patologia quando são prescritos antibióticos e outros medicamentos para solucionar uma doença.
  • Hepatite e outros vírus.
  • Toxinas: o consumo de alimentos tóxicos, como certos cogumelos que são confundidos com cogumelos comestíveis, pode levar à rápida destruição do tecido hepático e a uma disfunção crônica.
  • Doenças autoimunes: em certas patologias, as células imunológicas reconhecem o tecido hepático como uma possível ameaça e o destroem.
  • Outras causas: câncer, doenças metabólicas, choque séptico e outras.

Há também outra variante, a insuficiência hepática crônica, muito mais comum e que aparece gradualmente. Muitas das patologias já mencionadas estão associadas a esta última.

A doença hepática está intimamente relacionada ao uso de medicamentos.
Por ser um medicamento de venda livre e barato, o uso excessivo de paracetamol é comum. O fígado é um dos órgãos mais afetados nessa situação.

Sintomas gerais das doenças hepáticas

A leitura dessas linhas pode ter te deixado preocupado, por isso separamos esta última seção para indicar quais são os sinais clínicos gerais que costumam indicar a presença de doenças hepáticas nos pacientes. De qualquer forma, se você mora em uma área com saneamento e leva um estilo de vida saudável, você não deve se preocupar excessivamente.

A seguir, fechamos este artigo com uma lista dos sintomas mais comuns de insuficiência hepática:

  1. Icterícia: é definida como uma coloraçãor amarelada na pele e nos olhos. É causada pelo acúmulo de bilirrubina nos tecidos, uma substância residual produzida pela quebra da hemoglobina, uma hemoproteína presente nos glóbulos vermelhos. Quando o fígado não consegue filtrá-la, ela se acumula.
  2. Inchaço e dor abdominal: geralmente ocorre devido a um fígado aumentado, uma condição conhecida como hepatomegalia. Esta não é uma doença em si, mas sim um sinal clínico de que algo não está funcionando em nível hepático.
  3. Inchaço nas pernas e tornozelos: um desequilíbrio homeostático no organismo devido à má filtração do sangue pode fazer com que o fluido extracelular se acumule nas pernas e tornozelos. Isso é conhecido como edema.
  4. Fadiga crônica e perda de apetite, sintomas que podem ser acompanhados por náuseas e vômitos.
  5. Maior facilidade de apresentar hematomas e sangramento nasal intenso.

Conforme você pode ver, muitos dos sintomas são sistêmicos, ou seja, generalizados no corpo do paciente. É preciso ter em mente que esse órgão filtra em média 100 litros de sangue por hora (1,5 litros de sangue por minuto), por isso o corpo percebe de forma geral a sua falta de funcionalidade quando isso acontece.

O fígado é o maior órgão interno. Não é possível conceber a vida sem ele e, portanto, muitas das patologias citadas são fatais.

As doenças hepáticas mais comuns: prevenção e bem-estar

O que mais podemos dizer? A maioria das doenças descritas acima está associada a um destes parâmetros: prática de sexo sem proteção (no caso da hepatite B), obesidade e alcoolismo. O fígado é um órgão resistente, mas, se o sujeitarmos a danos contínuos, ele acaba se desgastando de forma irreversível.

O estado desse órgão é uma indicação clara do estilo de vida do paciente. Com uma alimentação saudável, limitando o consumo de medicamentos desnecessários e minimizando o consumo de álcool, os riscos de desenvolver essas doenças são drasticamente reduzidos.



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