As 5 doenças mais comuns em mulheres e seu tratamento
Conforme indicado pela BBC, independentemente da localização geográfica, as mulheres vivem mais do que os homens. Os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) são claros: a média global de vida das mulheres é de 74,2 anos, enquanto os homens têm uma média de 69,8 anos. Sem dúvida, a diferença é pequena, porém evidente.
Isso pode ser explicado por múltiplos fatores, tais como o entrelaçamento genético baseado no gênero, a ação hormonal ao longo dos anos e, sobretudo, uma importante carga cultural quanto à saúde e cuidados pessoais. As mulheres geralmente se cuidam melhor, o que as torna menos propensas a certas doenças relacionadas aos maus hábitos.
De qualquer forma, isso não significa que as mulheres estejam livres de riscos fisiológicos. Toda a matéria orgânica é finita e, portanto, sujeita ao envelhecimento e às doenças. Com base nessa premissa tão necessária para o entendimento, vamos mostrar as 5 doenças mais comuns em mulheres e seu tratamento.
Quais são as doenças mais comuns em mulheres?
Conforme indicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), das 40 principais causas de morte no mundo, 33 têm maior predileção pelos homens. Patologias como câncer de pulmão, cólon e outros tipos de neoplasias são muito mais comuns no gênero masculino.
Na Espanha, por exemplo, de acordo com a Sociedade Espanhola de Oncologia Médica (SEOM) as probabilidades de desenvolver um câncer de acordo com a idade são muito diferentes entre homens e mulheres: aos 80 anos, a porcentagem de homens com câncer chega a 50,9% do total enquanto no gênero feminino este número cai para 28,3%.
Novamente, devemos nos voltar para os fatores genéticos, hormonais e sociais para explicar essas tendências. Com base nesta premissa de “maior saúde geral da mulher”, vamos falar sobre as doenças mais comuns em mulheres. Adiantamos que muitas delas têm a ver com processos hormonais e sofrem grande influência da menopausa.
1. Osteoporose: uma das doenças mais comuns em mulheres
Começamos com uma doença que, estatisticamente, tem predileção pelo gênero feminino. Conforme indicado pela Revista de Osteoporosis y Metabolismo Mineral, a prevalência de osteoporose em mulheres com 80 anos ou mais é de 80%, enquanto apenas 8% dos homens com mais de 50 anos podem apresentá-la.
Para entender essa patologia, é necessário ter em mente que o tecido ósseo não permanece sem variações ao longo do tempo. Os ossos possuem células ósseas (osteoblastos, osteoclastos, osteócitos e células osteoprogenitoras) e uma matriz rica em minerais, representada principalmente por cristais de hidroxiapatita. 99% do cálcio do corpo está localizado nos ossos.
As células ósseas podem reabsorver ou gerar matriz óssea de acordo com as necessidades do indivíduo. Por exemplo, se um paciente apresenta grave desnutrição e tem deficiência de cálcio, é provável que ele desenvolva a osteoporose: os corpos celulares dissolvem a matriz óssea e enfraquecem os ossos para que o corpo possa usar o cálcio que não recebe.
1 em cada 3 mulheres sofre de osteoporose, especialmente após a menopausa. Por causa do desequilíbrio hormonal durante este período (diminuição drástica dos estrogênios), há uma maior taxa de reabsorção óssea, o que faz com que os ossos se tornem frágeis e quebradiços. Isso pode causar lesões e fraturas.
O tratamento da osteoporose, conforme indicado pelo portal Quirón Salud, consiste principalmente em medidas higiênico-dietéticas. A paciente deve consumir alimentos ricos em cálcio, abandonar atividades de risco e, acima de tudo, abandonar o fumo e o álcool caso estejam sendo consumidos. Se tudo isso não funcionar, recorre-se à farmacologia.
2. Enxaqueca
A enxaqueca é muito mais comum em mulheres, com uma proporção de 3 para 1 em relação aos homens. Suspeita-se que isso ocorra (em muitos casos) por causa das alterações hormonais, uma vez que os períodos menstruais, a gravidez e a menopausa parecem desencadear a presença de enxaquecas intensas no gênero feminino.
Embora as causas desses eventos incômodos não sejam totalmente compreendidas, a ciência está de olho no papel da serotonina e de outros neurotransmissores nas dores de cabeça (como o peptídeo relacionado ao gene da calcitonina, CGRP). Embora ainda haja um longo caminho a percorrer, essa patologia está se tornando cada vez mais conhecida.
Conforme indicado pela Clínica Mayo , as enxaquecas causadas por desequilíbrios hormonais podem ser reduzidas com certos medicamentos. Por outro lado, alguma pacientes argumentam que essas doenças pioram ainda mais com as terapias de reposição hormonal e os anticoncepcionais orais.
Medicamentos como analgésicos, triptanos e remédios para náuseas podem reduzir os sintomas da enxaqueca.
3. Câncer de mama
Embora possa parecer mentira, os homens também podem ter câncer de mama. De qualquer forma, essa neoplasia é muito menos comum em homens do que em mulheres, já que os tumores de mama masculinos representam apenas 1% do total de casos de câncer de mama. Por outro lado, 30% dos casos de câncer diagnosticados em mulheres estão localizados nas mamas.
Em 2018, foram diagnosticados mais de 2.000.000 de casos de câncer de mama em mulheres no mundo todo.
Apesar do receio justificável infundido por esta patologia, esta é uma das mais “benignas” no caso dos tipos de câncer: de acordo com a Associação Espanhola contra o Câncer (AECC), a sobrevida 5 anos após o diagnóstico é de 90%.
A cirurgia é a primeira opção de abordagem. Nela, é retirado o tecido mamário onde ocorreu o tumor e, às vezes, também são retirados os linfonodos que possam ter sido afetados. Então, é possível seguir com a quimioterapia, a radioterapia, a terapia direcionada e as abordagens hormonais para prevenir a recorrência do câncer.
4. Fraturas de quadril
Infelizmente, essa patologia está intimamente ligada à osteoporose. As mulheres têm até 3 vezes mais probabilidade de sofrer uma fratura de quadril do que os homens porque, conforme já dissemos, uma queda de um paciente com osteoporose pode ser fatal.
Estamos diante de um tipo de lesão gravíssima: 30% dos feridos morrem durante o primeiro ano após o traumatismo e, dentre os que não morrem, apenas 20% recuperam a mobilidade anterior. Uma fratura de quadril pode se complicar facilmente, pois promove o aparecimento de coágulos sanguíneos e infecções sistêmicas.
Existem várias abordagens para tratar uma fratura de quadril, mas a cirurgia é sempre a primeira opção. Estes são os tratamentos disponíveis que são usados para salvar a vida do paciente:
- Reparo interno com parafusos: são inseridos parafusos de metal no osso quebrado para mantê-lo unido enquanto a fratura cicatriza.
- Substituição total do quadril: é a opção de maior sucesso. Neste procedimento cirúrgico, a extremidade superior do fêmur e a articulação em si são removidas e substituídas por dispositivos artificiais. Esta é a abordagem mais conveniente para qualquer paciente que não esteja com problemas de saúde.
- Substituição parcial do quadril: a cabeça do fêmur é removida e substituída por uma peça de metal. Só é aconselhadas para pessoas muito debilitadas ou que já não conseguem cuidar de si mesmas em nenhuma situação.
5. Câncer do colo do útero (CCU)
O câncer do colo do útero é uma entidade clínica muito complexa de entender, já que pela primeira vez em toda a lista um entra no jogo como agente viral. Estamos falando do HPV ou papilomavírus humano, um grupo viral que costuma gerar verrugas em diferentes partes do corpo humano. Existem mais de 200 tipos de HPV e 40 deles afetam os órgãos genitais.
De todos os papilomavírus registrados, pelo menos 14 são oncogênicos, ou seja, podem favorecer o desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Os HPV 16 e 18 são os mais preocupantes, pois a OMS estima que causem 70% dos casos de câncer do colo do útero em pacientes do sexo feminino.
De qualquer forma, a maioria das infecções uterinas por HPV em mulheres são temporárias. 90% delas apresentam remissão em um período máximo de 2 anos, mas, se por algum motivo elas se tornarem persistentes, existe o risco de desenvolver lesões pré-cancerosas no colo do útero. Se não forem tratadas, acabam levando ao câncer do colo do útero.
O estágio inicial desta patologia não apresenta sintomas claros, mas as lesões pré-cancerosas podem ser diagnosticadas muito antes de representarem um perigo para as mulheres. Entre os sintomas de um tumor já desenvolvido, encontramos os seguintes:
- Sangramento vaginal após a relação sexual, entre as menstruações ou após a menopausa. A regra normal consiste no descolamento do tecido espesso do endométrio, portanto, se a mulher estiver fora do ciclo normal, esse sangramento deve ser causado por outro motivo.
- Fluido vaginal aquoso com sangue ou odor fétido. Este sinal clínico não é exclusivo do CCU, uma vez que muitas infecções sexualmente transmissíveis (IST) se manifestam com secreções purulentas.
- Dor pélvica sustentada, especialmente durante a relação sexual.
O tratamento vai depender, em grande medida, da extensão do câncer e da saúde geral do paciente.
Por exemplo, durante a cirurgia, pode ser removido apenas o tumor, o colo do útero inteiro (traquelectomia) e o útero ao mesmo tempo (histerectomia). Se o câncer tiver se disseminado, pode ser necessária radioterapia ou quimioterapia.
Todas as mulheres que contraíram HPV devem fazer um exame do colo do útero a cada 6 meses. As lesões pré-cancerosas podem ser tratadas, o que previne o desenvolvimento do câncer.
As doenças mais comuns em mulheres e seus motivos
Estas são 5 das doenças mais comuns em mulheres, mas não as únicas. O gênero feminino também apresenta patologias como diabetes, doenças isquêmicas do coração, intolerâncias alimentares, alergias e muitos outros eventos clínicos. De qualquer forma, esses desequilíbrios geralmente estão ligados ao estilo de vida do indivíduo e não ao seu sexo biológico.
Tanto em homens quanto em mulheres, muitas doenças têm origem na saúde e nos hábitos. Afinal, 1/3 dos casos de câncer são causados pelos seguintes parâmetros: alto índice de massa corporal, ingestão reduzida de frutas e vegetais, falta de atividade física, consumo de tabaco e álcool. Assim, para além do gênero, cuidar de si mesmo é a chave para o bem-estar.
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- Epidemiología, O. D., Muñoz-Torres, M., Varsavsky, M., Avilés Pérez, M. D., Nogués Solán, X., Guerri, R., … & Groba Marco, M. V. (2010). Osteoporosis y Metabolismo Mineral.
- Osteoporosis en la menopausia, Quirón Salud. Recogido a 1 de marzo en https://www.quironsalud.es/blogs/es/ellas/osteoporosis-menopausia#:~:text=La%20osteoporosis%20es%20una%20enfermedad,cese%20brusco%20de%20los%20estr%C3%B3genos.
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- Papilomavirus humano y cáncer cervicouterino, OMS. Recogido a 1 de marzo en https://www.who.int/es/news-room/fact-sheets/detail/human-papillomavirus-(hpv)-and-cervical-cancer