Alergias cutâneas: tudo o que você precisa saber
As alergias cutâneas afetam milhares de pacientes a cada ano. Esta categoria inclui dezenas de doenças de pele causadas por um desencadeante externo. Elas podem ser facilmente confundidas com uma infecção, e seus sintomas causam desconforto, baixa autoestima e vergonha entre os pacientes. Embora sejam mais comuns em crianças, podem ocorrer em qualquer idade.
As manifestações desse tipo geralmente são crônicas, ou seja, as pessoas têm que lidar com elas por vários anos.
Apesar disso, existem várias opções de tratamento, portanto é recomendável procurar assistência médica para encontrar uma solução para as crises. Nas próximas linhas, ensinaremos tudo o que você precisa saber sobre as alergias cutâneas.
Quais são as causas das alergias cutâneas?
Não existe uma causa única para as alergias cutâneas. Em geral, esse tipo de condição é considerada multifatorial, na qual a predisposição genética e os desencadeantes externos desempenham um papel importante.
Os catalisadores mais comuns, de acordo com a Asthma and Allergy Foundation of America, são os seguintes:
- Água.
- Pólen.
- Ácaros.
- Picadas ou contato com insetos.
- Ingestão de alguns alimentos.
- Luz do sol.
- Ingestão de drogas.
- Mudanças de temperatura (quente ou fria).
- Pelos de animais.
- Contato com algumas plantas (como hera venenosa).
- Contato com látex.
Os sintomas cutâneos também podem ocorrer, como nos lembra o American College of Allergy, Asthma and Immunology, por doenças como o sarampo ou a catapora. No entanto, esses episódios são considerados infecciosos, e não alérgicos.
Embora variem de acordo com cada tipo, as reações acontecem quando o organismo responde de forma exagerada aos desencadeantes. Ou seja, uma reação excessiva é provocada. Por isso os pacientes apresentam sintomas cutâneos.
Tipos de alergias cutâneas
Existem muitos tipos de alergias cutâneas. A gravidade dos sintomas, a evolução e prognóstico variam em cada caso. Segundo a American Academy of Asthma, Allergy & Immunology, destacamos as 4 manifestações a seguir como as mais frequentes:
Eczema
Também conhecida como dermatite atópica; os pesquisadores estimam que ela afete 20% das crianças e 3% dos adultos. É o tipo mais comum de dermatite, sendo acompanhada por outras doenças alérgicas (como asma e rinite). Os sintomas se manifestam em crises, também chamadas de episódios ou exacerbações.
A Australasian Society of Clinical Immunology and Allergy indica que os pacientes com este tipo de alergia cutânea têm dificuldade em reter a umidade. Isso faz com que a epiderme deles seque com muita facilidade, permitindo que os alérgenos penetrem em uma área particularmente sensível.
As manifestações clínicas mencionadas a seguir são as mais comuns:
- Erupções cutâneas que se concentram nos braços e atrás dos joelhos (em crianças elas são mais comuns no rosto, cotovelos e joelhos).
- Pele escamosa ou desidratada.
- Descamação.
- Coceira na área afetada.
- Pele espessa ou muito sensível.
- Protuberâncias que secretam líquido (no caso de uma infecção adicional).
Os pacientes devem resistir à tentação de coçar as áreas afetadas, pois elas podem infeccionar e provocar ainda mais coceira. Este tipo de doença não é infecciosa, portanto não pode ser transmitida às pessoas com quem se tem contato.
Urticária
A urticária é um distúrbio que ocorre quando o organismo libera histamina e bradicinina, entre outros hormônios. As evidências indicam que as manifestações clássicas têm entre 1 e 2 centímetros, e podem aparecer em qualquer parte do corpo.
As lesões se desenvolvem em questão de minutos e desaparecem depois de 24 horas. Isso, é claro, em casos benignos. Quando as erupções crescem, elas se unem umas às outras criando padrões maiores na pele. Além disso, ela é acompanhada pelos seguintes sintomas:
- Coceira (média ou intensa).
- Inflamação leve nas áreas afetadas.
- Episódios intermitentes, que aparecem e desaparecem de acordo com a exposição ao desencadeante.
Como em todos os casos de alergia cutânea, a urticária não é contagiosa. Sua manifestação crônica pode durar várias semanas, e nem sempre está relacionada a um catalisador. Não é incomum que os testes de alergia apresentem resultados negativos.
Dermatite de contato
A dermatite de contato é desencadeada, como o nome indica, quando a pele entra em contato direto com o alérgeno. Isso causa uma reação de irritação que se manifesta apenas na área onde ocorreu o contato. Com base nas informações da American Academy of Dermatology (AAD), apresentamos uma seleção de irritantes:
- Detergentes domésticos.
- Algumas plantas (como a hera venenosa).
- Desinfetantes.
- Produtos derivados do petróleo (gasolina e diesel, por exemplo).
- Sabonetes.
- Fertilizantes e pesticidas.
- Joias.
- Alguns tipos de fragrâncias.
- Látex.
Como as evidências apontam, a alergia ao níquel explica muitos casos de dermatite de contato. Infelizmente, esse alérgeno é frequentemente usado em anéis, brincos, telefones celulares e cigarros eletrônicos.
Angioedema
O angioedema é a inflamação das camadas profundas da pele. As evidências indicam que na maioria dos casos ela desaparece em 72 horas. Entretanto, se o quadro for da variante crônica, talvez seja necessário lidar com ela por mais tempo.
Normalmente ela se concentra nos tecidos moles da pele, como pálpebras, boca e órgãos genitais. Consiste numa inflamação excessiva que pode ou não estar acompanhada de urticária. Geralmente ela não é perigosa, embora caso ocupe parte da garganta ou língua, possa bloquear as vias respiratórias.
O angiodema possui algumas variantes; entre elas, o angioedema hereditário. Trata-se de uma doença genética rara, caracterizada pela inflamação de várias partes do corpo. Por oferecer maior resistência à terapia convencional, é importante que os pacientes com esse tipo procurem um especialista.
Diagnóstico das alergias cutâneas
O diagnóstico das alergias cutâneas é feito por um alergista ou dermatologista. O procedimento padrão é submeter o corpo a alérgenos para avaliar qual deles provoca a reação.
Para isso são utilizadas algumas das seguintes opções:
- Patch test: consiste em aplicar um adesivo diretamente sobre a pele e avaliar o resultado da exposição após um período de 24 a 48 horas. O adesivo contém alérgenos específicos, de modo que a área abaixo e ao redor dele mostrará sinais de alergia. É um procedimento seguro, indolor e muito útil para casos de dermatites de contato.
- Teste cutâneo de puntura: neste caso, uma agulha é usada para fazer uma punção superficial na pele para detectar cerca de 50 desencadeantes de alergias cutâneas. Ele é útil para determinar episódios causados por pólen, mofo, ácaros e poeira. Embora possa ser desconfortável, é um teste indolor.
- Teste intradérmico: é semelhante ao anterior, só que desta vez o alérgeno penetra na pele de forma um pouco mais profunda. É um teste útil para avaliar uma possível reação a medicamentos ou veneno de inseto (abelhas, por exemplo).
O especialista também pode optar por um teste de exposição. Nele, os pacientes são expostos de forma direta ao alérgeno, geralmente pólen ou alimento, para avaliar a reação do organismo. Os riscos deste exame são maiores, por isso ele deve ser realizado em um ambiente controlado e na presença de profissionais.
Não é incomum que exames de sangue sejam feitos para detectar alguns indicadores de alergia. Embora os testes caseiros possam ser úteis para dar o primeiro passo em direção ao diagnóstico, os procedimentos mencionados acima são, de fato, o padrão.
Tratamento das alergias cutâneas
O tratamento das alergias cutâneas varia de acordo com a manifestação, embora geralmente seja baseado na aplicação de pomadas de hidrocortisona e na ingestão de anti-histamínicos. Os pesquisadores também aprovam o uso de medicamentos biológicos para aliviar os sintomas. Os corticoides, nas suas várias formas de apresentação, são uma opção bastante prescrita.
Mas essas não são os únicos tratamentos disponíveis para as alergias cutâneas. A seguir apresentamos uma seleção de dicas para você reduzir a duração dos episódios e evitar exacerbações:
- Aplique compressas de panos úmidos ou frios diretamente na área afetada.
- Mantenha sempre a pele hidratada com produtos neutros.
- Durante os episódios, evite tomar banho com água quente.
- Tente não usar roupas apertadas que provoquem atrito.
- Compre loções, sabonetes e detergentes que não tenham cheiro forte.
- Tome banhos de aveia algumas vezes por semana.
Se você considerar esses conselhos e aplicar o tratamento indicado pelo especialista, poderá controlar a regularidade das erupções. Se elas forem muito comuns, é sinal de que a condição não foi tratada adequadamente. Converse com seu especialista sobre alternativas de medicamentos que você pode usar como tratamento.
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