Transaminases altas: o que elas indicam?

O fígado é um órgão que desempenha mais de 500 funções no corpo, portanto, seu correto funcionamento é fundamental. Há uma indicação de lesão hepática em transaminases altas. Vamos ver por quê.
Transaminases altas: o que elas indicam?

Última atualização: 23 agosto, 2023

Os níveis de transaminase fazem parte dos exames complementares que compõem o perfil da função hepática. Esses dados são muito úteis no diagnóstico de múltiplas doenças que afetam o corpo. Você tem interesse em saber o que transaminases altas indicam? Confira a seguir!

Na maioria dos casos, as transaminases altas são um sinal de alerta de que algo está errado com o fígado. Em geral, estão associadas a processos infecciosos, inflamatórios e degenerativos do fígado. No entanto, a elevação dessas substâncias também pode levar a um quadro de origem sistêmica ou cardiovascular.

O que são as transaminases?

As transaminases também são chamadas de aminotransferases. São um grupo de enzimas com capacidade metabólica que são responsáveis pela conversão de certos aminoácidos em outros por meio da transferência de grupos amino. Elas são encontradas em maior concentração nas células do fígado.

Da mesma forma, existem pequenas quantidades ao nível do coração, rins e músculos. Alguns estudos afirmam que as aminotransferases mais relevantes são aspartato aminotransferase (AST ou GOT) e alanina aminotransferase (ALT ou GPT). Geralmente, são medidas no sangue por meio de exames laboratoriais.

A ALT tem meia-vida de cerca de 18 horas. A elevação desta enzima é geralmente específica para algumas lesões nas células do fígado (hepatócitos).

A AST tem meia-vida superior a 48 horas. Sua alta concentração sanguínea é menos específica para danos ao fígado. Isso se deve à sua presença em locais como cérebro, pâncreas, pulmão, glóbulos brancos e glóbulos vermelhos.

Outras enzimas que podem ser estudadas são a fosfatase alcalina (FA) e a gama-glutamil transpeptidase (GGT). Ambas estão incluídas nos tipos mais comuns de exames de sangue e são muito úteis na avaliação de doenças do fígado e das vias biliares.

Transaminases elevadas devido a um problema de fígado.
Embora o fígado seja o órgão a ser estudado quando as transaminases estão elevadas, sua presença em outros tecidos deve ser considerada.

Valores normais

Em condições normais, é comum encontrar uma pequena concentração de transaminases no sangue. Os intervalos geralmente variam de acordo com o laboratório e o sexo do paciente.

No entanto, costumam estar dentro dos seguintes parâmetros:

  • AST ou GOT: 10 a 40 unidades internacionais por litro (UI/L) em homens e 7 a 35 unidades internacionais por litro (UI/L) em mulheres.
  • ALT ou GPT: 8 a 40 unidades internacionais por litro (UI/L) em homens e 6 a 34 unidades internacionais por litro (UI/L) em mulheres.

O que transaminases altas indicam?

As transaminases altas são geralmente o resultado da lise acelerada ou destruição das células do fígado. Nesse sentido, a morte dos hepatócitos leva à liberação dos componentes neles armazenados, como AST e ALT. Dessa forma, essas substâncias são liberadas nos vasos sanguíneos.

Existe uma longa lista de doenças associadas a enzimas hepáticas elevadas. No entanto, estudos sugerem que não há correlação clara entre os níveis de transaminases e o grau de lesão hepática. Na verdade, algumas pessoas podem apresentar valores elevados e não apresentar nenhum tipo de sintoma.

A esse respeito, uma análise aprofundada de todas as aminotransferases e sua correlação com outros dados é vital para identificar a doença responsável. Algumas das principais condições associadas a transaminases altas são as seguintes:

  • Esteatohepatite não-alcoólica.
  • Doença hepática alcoólica.
  • Hepatite B ou C crônica.
  • Mononucleose infecciosa e citomegalovírus.
  • Cirrose.
  • Cálculos biliares.

Outras causas possíveis

Da mesma forma, o consumo excessivo de medicamentos hepatotóxicos pode levar à elevação dessas enzimas. É o caso do paracetamol, diclofenaco, estatinas, corticosteroides e amiodarona. Além disso, a doença de Wilson e a hemocromatose também são responsáveis por lesar os hepatócitos.

Por outro lado, pesquisas afirmam que transaminases elevadas podem estar associadas a insuficiência cardíaca e doenças reumáticas. Outras causas não hepáticas desse achado incluem o seguinte:

Tratamento

O tratamento das transaminases altas é baseado na identificação e correção da doença de base. Dessa forma, os níveis de enzima serão reduzidos progressivamente ao normal.

Por outro lado, o médico pode indicar várias mudanças no estilo de vida para obter melhores resultados, tais como:

  • Consumir água e líquidos regularmente.
  • Não ingerir bebidas alcoólicas.
  • Evitar alimentos ricos em gordura e processados.
  • Reduzir a ingestão de alimentos açucarados e com alto teor de sal.
  • Aumentar o consumo de frutas e vegetais.
  • Fazer exercícios leves a moderados, 30 minutos por dia, pelo menos 3 vezes por semana.
O álcool aumenta as transaminases.
O álcool é capaz de aumentar os níveis dessas enzimas no sangue, danificando o fígado.

Um sinal que não deve ser menosprezado

As transaminases altas são um sinal laboratorial que geralmente indica a presença de algum distúrbio ou dano ao fígado. As causas desse resultado são muito extensas, variando desde exercícios físicos intensos até cirrose hepática. A avaliação clínica de rotina é essencial para a detecção de pacientes assintomáticos.

Na presença de transaminases elevadas associadas a outros sintomas, é vital procurar atendimento médico o mais rápido possível. Na maioria das vezes, a abordagem profissional precoce permite evitar complicações e obter melhor qualidade de vida.



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