Os 7 tipos de gastrite
A gastrite é um grupo heterogêneo de distúrbios caracterizados por inflamação ou erosão da mucosa que reveste as paredes do estômago. Geralmente, são classificados dois tipos de gastrite: aguda e crônica. No entanto, dentro dessa categorização também podemos determinar outras que abrangem todo o espectro do transtorno. Neste artigo, vamos investigar os principais tipos de gastrite e ensinar tudo o que você deve saber.
De acordo com a variante desenvolvida, determina-se o tratamento, assim como a evolução do quadro. Os sintomas também podem ser ligeiramente diferentes, portanto a distinção não é trivial. Todos eles, como apontam os especialistas, são desencadeados por diferentes reações que vão desde alergias, infecções, medicamentos a fatores ambientais.
Principais tipos de gastrite
A primeira classificação dos tipos de gastrite diferencia entre episódios agudos ou leves e episódios crônicos ou graves. No primeiro caso, faz-se referência àqueles episódios em que a gastrite se desenvolve de forma inesperada e com sintomas leves. No segundo caso, os pacientes manifestam o distúrbio de forma progressiva e com sintomas intensos. Quadros desse tipo podem se estender por meses e até anos.
Embora essa distinção seja útil para determinar a gravidade do transtorno e sua evolução, não é útil para classificar as causas e características que definem cada episódio. É por isso que os pesquisadores apelam para uma classificação mais profunda, na qual se destacam os seguintes tipos de gastrite.
1. Gastrite erosiva
A gastrite erosiva é a forma mais grave dessa doença. Caracteriza-se pela presença de inflamação e erosão (desgaste) das paredes que revestem o estômago. Pode ser aguda e crônica e se distingue de outros tipos de gastrite pela presença de úlceras ou feridas nas paredes do estômago.
Muitas vezes, essa variante se manifesta pela interação com substâncias irritantes. Por exemplo, devido à ingestão excessiva de álcool ou certos tipos de medicamentos (aspirina e outros anti-inflamatórios não esteroides). Lesões diretas que ocorrem durante um procedimento médico, a ingestão voluntária de anticorrosivos e algumas infecções também podem desencadeá-la.
2. Gastrite não erosiva
Os pacientes que desenvolvem gastrite não erosiva manifestam alterações no revestimento do estômago. Estas incluem inflamação leve a moderada, atrofia da mucosa e, em alguns casos, metaplasia (um tipo de alteração na estrutura celular). Nesse caso, não há úlceras ou bolhas no referido revestimento, por isso é menos grave que o anterior.
A gastrite não erosiva pode se manifestar por uma variedade de fatores, embora a maioria dos casos se desenvolva devido à infecção por Helicobacter pylori, uma bactéria que está presente no organismo de 2/3 da população mundial. Ele cresce na mucosa que reveste o estômago e está relacionado a vários problemas gastrointestinais.
3. Gastrite viral ou fúngica
Também é chamada de gastrite infecciosa para diferenciá-la dos casos causados pelo H. pylori, é um dos tipos menos comuns de gastrite e é desencadeada por infecções virais ou fúngicas de longo prazo. Na maioria das vezes, isso ocorre em pacientes com sistema imunológico comprometido, como aqueles em tratamento contra o câncer ou com HIV.
Por exemplo, foram relatados episódios de gastrite causados por infecção pelo vírus da hepatite C. Há também evidências de casos desse tipo desenvolvidos pelo vírus herpes simplex. Por fim, e para resgatar um dos muitos exemplos, sabe-se que o vírus Epstein-Barr também está associado a esse tipo de gastrite.
4. Gastrite aguda de estresse
É uma variante da gastrite erosiva causada por uma lesão súbita nas paredes do estômago. Por exemplo, a introdução de uma sonda nasogástrica ou trauma externo que causa sangramento interno. Os mecanismos patológicos envolvidos nesses casos não são exatamente conhecidos, embora se suspeite que seja devido à diminuição do fluxo sanguíneo para o estômago.
Existem casos de gastrite após um traumatismo craniano grave, de modo que o trauma não precisa se desenvolver nas proximidades do estômago. Algumas doenças também podem desencadeá-la. Por exemplo, evidências indicam que baixos níveis de hormônio tireoidiano (hipotireoidismo) podem desencadear episódios de gastrite.
5. Gastrite atrófica
Nesses casos, há uma atrofia ou afinamento da mucosa que recobre as paredes do estômago. Isso também causa a perda de células que liberam enzimas e ácidos para o estômago.
Tem muitas causas, embora a principal seja uma doença autoimune. Ou seja, quando o corpo ataca a si mesmo sem motivo aparente. Os episódios desse tipo são chamados de gastrite atrófica metaplásica autoimune.
Essa variante também pode se manifestar após a remoção parcial do estômago e como consequência de uma infecção por H. pylori. Como indicam os especialistas, a maioria desses episódios são crônicos, embora inicialmente pareçam apresentar um desenvolvimento benigno.
6. Gastrite eosinofílica
A gastrite eosinofílica é o resultado de um processo inflamatório no qual os eosinófilos nas paredes do estômago e no sangue aumentam em número. Os pesquisadores a dividem em três subtipos: mucosa, muscular e serosa.
Quase todos os pacientes desenvolvem sintomas crônicos, de modo que muitas vezes é necessária uma terapia permanente ou de longo prazo. Nesse tipo, é relatado um acúmulo de glóbulos brancos (eosinófilos) nas paredes do estômago.
7. Doença de Ménétrier
A doença de Ménétrier é uma variante rara de gastrite em que o paciente manifesta espessamento da membrana que reveste o estômago. Como consequência, se desenvolvem dobras gástricas.
Como nos lembra a National Organization for Rare Disorders, é uma doença pouco compreendida, cujas causas são desconhecidas e muitas vezes é confundida com outros tipos de distúrbios gástricos.
Estes são os tipos mais comuns de gastrite. Como todas as variantes causam complicações se não forem tratadas, deve-se procurar atendimento médico assim que os sintomas forem identificados. Náuseas, vômitos, dor de estômago, indigestão e sangue nas fezes devem ser considerados sinais de alerta.
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