O que é linfoma de Hodgkin?

O linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer caracterizado por afetar o sistema linfático e ser frequente em jovens. Felizmente existem várias medidas terapêuticas eficazes, tornando o prognóstico favorável.
O que é linfoma de Hodgkin?

Última atualização: 09 setembro, 2021

As doenças oncológicas podem surgir em qualquer célula do corpo, afetando diversas estruturas. Quando as células cancerígenas afetam os glóbulos brancos do sistema linfático, ocorre uma patologia chamada linfoma. De modo geral, existem 2 tipos diferentes de linfomas, sendo o linfoma de Hodgkin o mais raro de todos.

Antes de falar sobre a patologia, é conveniente conhecer o sistema linfático. Ele é composto por dutos distribuídos por todo o corpo, que contêm uma substância chamada linfa. A linfa contém vários componentes, dos quais se destacam glóbulos brancos específicos chamados linfócitos B e linfócitos T.

O que é o linfoma de Hodgkin?

O linfoma de Hodgkin é um tipo de câncer caracterizado por afetar o sistema linfático e ser frequente em jovens.
Os linfomas se originam nas células do sistema linfático, que por sua vez fazem parte das defesas naturais do corpo. Eles são chamados de linfócitos e dão origem ao nome desse tipo de câncer.

O linfoma de Hodgkin nada mais é do que um câncer que começa em um linfócito B em processo de maturação, geralmente em um linfonodo. Estudos demonstram que essa patologia é mais comum em adolescentes e adultos jovens, embora possa afetar a pessoas de todas as idades.

Os linfócitos B alterados perdem a capacidade de produzir anticorpos, de forma que o organismo inicia vários processos com o objetivo de atingir a morte celular. No entanto, esses glóbulos brancos possuem mecanismos que permitem evitar a própria eliminação. Eles também apresentam a capacidade de iniciar um processo de duplicação descontrolada, provocando o aparecimento da patologia.

Esse tipo específico de linfoma costuma aparecer com mais frequência nos gânglios linfáticos do pescoço, mas também pode ser encontrado no tórax, axilas e virilha. Dificilmente a doença aparece em outros órgãos do sistema linfático, como no baço ou timo.

Tipos

A taxa de crescimento de um linfoma de Hodgkin e seu tratamento podem variar dependendo das descobertas histológicas da neoplasia. Nesse sentido, a Organização Mundial da Saúde (OMS) dividiu a patologia em 2 grupos distintos, o linfoma de Hodgkin clássico e o com predomínio de linfócitos nodulares.

A apresentação clássica é caracterizada pela presença de células de Reed-Sternberg nos gânglios. Elas são linfócitos B gigantes, com vários núcleos celulares. Por sua vez, este tipo de linfoma se subdivide em 4 grupos distintos, que apresentam evolução e tratamento muito semelhantes. Os 4 subgrupos de linfoma de Hodgkin clássico são os seguintes:

  • Esclerose nodular.
  • Celularidade mista.
  • Predomínio linfocitário.
  • Depleção linfocítica.

Por outro lado, o linfoma de Hodgkin com predomínio linfocitário tem um tipo específico de células malignas chamadas células popcorn. Elas são uma variação das células de Reed-Sternberg, cujo núcleo assume um arranjo que se assemelha a uma pipoca. Felizmente esse é um linfoma pouco agressivo, que responde bem ao tratamento tradicional.

Sintomas do linfoma de Hodgkin

A principal manifestação clínica dessa patologia costuma ser o aumento de tamanho dos linfonodos afetados. A doença é caracterizada por ser indolor e aparecer com mais frequência na região do pescoço. No entanto, é importante observar que qualquer gânglio do corpo pode ser afetado.

As pessoas podem desenvolver sintomas de vários tipos, que estão associados à compressão das estruturas anatômicas próximas ao gânglio afetado. Nesse sentido, é possível desenvolver dificuldade respiratória ou tosse devido ao crescimento maciço de linfonodos localizados no mediastino.

Por outro lado, vários estudos mostram que o aparecimento dos chamados sintomas B é frequente quando os linfonodos adquirem um tamanho considerável e estão em estágios avançados. Os sintomas B são um conjunto de manifestações clínicas relacionadas a patologias malignas; esses sinais os seguintes:

  • Febre.
  • Calafrios.
  • Suor noturno.
  • Perda de peso superior a 10% do peso corporal, não relacionada a outra causa mais provável.

Causas e fatores de risco

Atualmente não existe uma causa específica que explique o desenvolvimento do linfoma de Hodgkin. Acredita-se que as alterações genéticas desempenham um papel fundamental. De fato, uma mutação no gene 9p24.1 foi encontrada em 100% dos pacientes com a manifestação clássica.

Por outro lado, a infecção pelo vírus Epstein-Barr, causador da mononucleose, pode aumentar a probabilidade de desenvolver esse tipo de linfoma. Este vírus foi observado nas células de Reed-Sternberg de muitos pacientes, então acredita-se que exista alguma relação entre eles.

A explicação fisiopatológica não é totalmente clara, mas acredita-se que o vírus possa provocar alterações no DNA dos linfócitos.

Outro fator de risco a ser considerado é o histórico familiar da doença. Pessoas com familiares próximos diagnosticados com linfoma de Hodgkin têm uma maior probabilidade de desenvolver essa condição. Isso pode ser devido à presença de um gene hereditário não identificado até o momento.

Pessoas com o sistema imunológico deprimido também têm uma maior probabilidade de desenvolver a doença. De fato, pessoas infectadas com o vírus da imunodeficiência humana (HIV) podem desenvolver essa doença, devido ao uso constante de antirretrovirais.

Diagnóstico

O linfoma de Hodgkin conta com vários métodos de diagnóstico.
Às vezes, se os gânglios afetados são profundos, é necessário colher uma amostra por meio de intervenções cirúrgicas. Isso permitirá ao patologista fazer o diagnóstico laboratorial.

O médico realizará um exame físico de vários gânglios linfáticos para confirmar o aumento deles. No entanto, é necessário descartar outras possíveis causas para a inflamação dos linfonodos (como infecções) antes de oferecer um diagnóstico exato.

O especialista também pode fazer algumas perguntas para identificar os fatores de risco para o desenvolvimento da doença. O diagnóstico definitivo do linfoma de Hodgkin será determinado por uma biópsia, como acontece com outros tipos de doenças, como câncer de mama.

As biópsias de linfonodos geralmente são feitas apenas se os nódulos não diminuírem por conta própria depois de algumas semanas. Por meio dela, a linfa do gânglio e seu conteúdo serão estudados em busca de células de Reed-Sternberg ou células popcorn. Testes imunohistoquímicos também podem ser realizados para identificar proteínas alteradas nas células.

Exames de imagem podem ser úteis na busca de linfonodos aumentados em regiões difíceis de explorar, como o tórax. Eles também podem servir como guia para a coleta de amostras para biópsia.

Os exames de sangue geralmente não apresentam valor diagnóstico, mas podem ajudar a determinar o quão avançada está a doença.

Tratamento do linfoma de Hodgkin

As principais opções de tratamento para o linfoma de Hodgkin são a quimioterapia e a radioterapia. A quimioterapia utiliza medicamentos para destruir as células anormais. Por sua vez, a radioterapia utiliza raios de alta energia para eliminar as células malignas.

Apesar dessa ser a principal opção de tratamento, múltiplos estudos estabelecem que a forma de aplicação dessas técnicas dependerá do estágio da doença. Em termos gerais, os ciclos de quimioterapia costumam ser curtos e a radioterapia é direcionada aos locais afetados nos estágios iniciais da doença.

Em contraste, os ciclos de quimioterapia tendem a ser longos nos estágios mais avançados da doença, e a radioterapia nem sempre é útil. As pessoas também costumam se beneficiar da imunoterapia, que estimula o sistema imunológico a eliminar as células cancerígenas com mais eficiência.

A Sociedade Americana de Câncer estabelece que o transplante de células-tronco pode ser útil para os casos em que o linfoma é difícil de tratar. Essa técnica permitirá a aplicação de doses maiores de quimioterapia, evitando danos à medula óssea e complicações mais graves.

Uma doença rara com um bom prognóstico

O linfoma de Hodgkin é um tipo raro de câncer que afeta os linfócitos B e se manifesta através de linfonodos aumentados. Felizmente, o prognóstico das pessoas diagnosticadas com essa doença geralmente é bom, desde que hajam um diagnóstico e tratamento adequados.

Nesse sentido, é de vital importância procurar ajuda médica o mais rápido possível na presença de uma protuberância anormal em qualquer parte do corpo, principalmente se ela não doer.



  • Connors JM, Cozen W, Steidl C, Carbone A et al. Hodgkin lymphoma. Nat Rev Dis Primers. 2020;6(1):61.
  • Shanbhag S, Ambinder R. Hodgkin lymphoma: A review and update on recent progress. CA: A Cancer Journal for Clinicians. 2017;68(2):116-132.
  • Wang HW, Balakrishna JP, Pittaluga S, Jaffe ES. Diagnosis of Hodgkin lymphoma in the modern era. Br J Haematol. 2019;184(1):45-59.
  • Mottok A, Steidl C. Biology of classical Hodgkin lymphoma: implications for prognosis and novel therapies. Blood. 2018;131(15):1654-1665.
  • Townsend W, Linch D. Hodgkin’s lymphoma in adults. Lancet. 2012;380(9844):836-47.
  • Pérez-Zúñiga JM, Aguilar-Andrade C, Álvarez-Vera JL, Augusto-Pacheco M y col. Linfoma de Hodgkin. Hematol Méx. 2019;20(2):124-130.

Este texto se ofrece únicamente con propósitos informativos y no reemplaza la consulta con un profesional. Ante dudas, consulta a tu especialista.