O que é a síndrome da serotonina?
A síndrome da serotonina é uma emergência médica porque a vida da pessoa está em risco. Este não é um problema de saúde comum. Geralmente ocorre ao tomar vários medicamentos que aumentam os níveis de serotonina no corpo, como medicamentos para enxaquecas ou antidepressivos.
A serotonina (também conhecida como 5-hidroxitriptamina ) é um hormônio encontrado no cérebro, plaquetas, trato digestivo e glândula pineal. Também atua como neurotransmissor e vasoconstritor. E, como mostram as evidências científicas, sua falta costuma ser associada à depressão.
No corpo, se não houver equilíbrio, é quando surgem os diversos problemas de saúde. Assim, tanto o excesso quanto a falta de um hormônio como a serotonina podem ser prejudiciais.
De acordo com um estudo sobre o assunto, a síndrome da serotonina pode ser definida da seguinte forma: ‘conjunto de sinais e sintomas atribuídos à atividade excessiva da neurotransmissão serotonérgica no sistema nervoso central e periférico’. Agora, que sintomas isso produz? Vamos ver a seguir.
Sintomas
Embora alguns sintomas possam variar de pessoa para pessoa, em geral, a síndrome da serotonina pode causar o seguinte:
- Diarréia.
- Vômito
- Confusão.
- Calafrios.
- Tremores
- Taquicardia.
- Hipertensão arterial
- Contrações musculares.
- Inquietação, ansiedade e delírio alarmantes.
- Dificuldade em manter o equilíbrio.
- Mioclonia (espasmos repentinos e involuntários).
- Hiperreflexia (reflexos musculoesqueléticos muito intensos após estimulação).
- Hipertonia ou rigidez muscular (especialmente nas extremidades inferiores).
- Hipertermia (aumento da temperatura corporal).
- Diaforese (aumento da sudorese).
A intensidade dos sintomas também dependerá de cada pessoa. Porém, em qualquer caso, é necessária atenção médica, principalmente quando o indivíduo apresenta febre, hipertensão, taquicardia, hiperreflexia, mioclonia e pupilas dilatadas.
A síndrome da serotonina tem um início rápido, geralmente ocorrendo dentro de 24 horas após a ingestão dos medicamentos. É caracterizada por causar hiperreflexia, o que ajuda a diferenciá-la da síndrome neuroléptica.
Causas
Como mencionamos no início, a síndrome da serotonina geralmente é causada pelo consumo de um coquetel de medicamentos (pelo menos 2), principalmente medicamentos para enxaqueca (ácido valpróico, triptanos e diidroergotamina) e antidepressivos.
No entanto, também pode ser causado pelo aumento da dose de um único medicamento serotoninérgico ou por uma overdose.
Diagnóstico
O diagnóstico é clínico, ou seja, é feito com base nos sintomas que a pessoa apresenta. Não há teste diagnóstico específico para essa síndrome. Ainda assim, existem 3 testes que podem ajudar:
- Exame de sangue completo.
- Fosfoquinase de creatina elevada.
- Perfil metabólico básico.
- Análise de urina.
- Outros (de acordo com o que o médico considerar).
Tratamento
O tratamento da síndrome da serotonina é sintomático. Quando aplicado precocemente, o prognóstico do paciente é bom. Daí a importância de chamar o serviço de emergência quando a pessoa começar a manifestar os sintomas já mencionados acima.
Como indica o Manual do MSD, o tratamento inclui o seguinte:
- Suspensão de todas as drogas serotoninérgicas.
- Benzodiazepínicos, quando os sintomas não são graves.
Em casos leves, o paciente geralmente é mantido em observação por algumas horas (geralmente 24-72 horas).
Em casos graves, o paciente deve ser internado na unidade de terapia intensiva até que a estabilização seja alcançada. O processo pode incluir o seguinte:
- Terapia de oxigênio.
- Monitoramento contínuo do coração.
- Sedação (para bloqueio neuromuscular).
- Administração de fluidos (por via intravenosa).
- Tratamento para hipertermia (resfriamento).
- Tratamento farmacológico das anomalias autonômicas que ocorrem.
Quando os sintomas persistem mesmo quando o tratamento sintomático já foi administrado, o uso do antagonista da serotonina cicloheptadina (por via oral ou por sonda nasogástrica) é considerado.
Prevenção
Para prevenir a síndrome da serotonina, o que se recomenda é evitar a automedicação, não aumentar ou diminuir as doses dos medicamentos ingeridos sem a autorização do médico e, claro, manter sempre o profissional informado sobre todos e cada um dos medicamentos e suplementos que você toma.
Caso algum tipo de suplemento fitoterápico ou remédio natural seja consumido, também é importante discuti-lo na consulta, pois embora não estejam diretamente relacionados ao aparecimento da síndrome, podem afetar as interações.
Se você estiver tomando medicamentos para enxaquecas ou depressão, siga sempre as recomendações do especialista. E se você tiver alguma dúvida ou não se sentir bem, não ignore e marque uma consulta.
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