O que é a dermatite atópica?

A dermatite atópica começa na infância, mas se estende por toda a vida e afeta os adultos. Contamos a você tudo sobre a patologia neste artigo dedicado a ela.
O que é a dermatite atópica?
Diego Pereira

Escrito e verificado por el médico Diego Pereira.

Última atualização: 25 maio, 2023

A dermatite atópica é uma doença muito comum e ocorre principalmente na infância. Tem uma forte associação com a genética e os sintomas incluem pele seca, coceira, vermelhidão e eczema.

Alguns autores consideram esta doença como uma expressão adicional de uma síndrome atópica, em que os pacientes desenvolvem várias condições ao longo da vida. Isso inclui asma e outras formas de dermatite.

As diferentes faces da atopia

O termo atopia é usado para descrever aqueles pacientes que tendem a gerar reações alérgicas repetidas. Estes, além disso, geralmente envolvem muitos órgãos e sistemas.

Há uma teoria que postula a existência da marcha alérgica. Esta é definida como a história natural de um paciente alérgico, que pode desenvolver diversas patologias ao longo da vida. Dependendo da idade, é mais comum o aparecimento de algumas condições, como alergia alimentar em menores de 2 anos e rinite em escolares.

A dermatite atópica é a inflamação da pele por motivos alérgicos. Envolve reações inflamatórias moderadas e geralmente se apresenta nos primeiros seis meses de vida. Em muitos casos é precedida por alergias alimentares. Essa doença costuma ter proporção semelhante em ambos os sexos.

Bebê com dermatite atópica.
A dermatite tende a começar na infância e depois progredir para a idade adulta.

Manifestações clínicas da dermatite atópica

Os sintomas cutâneos da dermatite atópica são bastante variados e ocorrem em conjunto. A maioria dos pacientes tem histórico familiar de alergias, principalmente asma.

Pele seca ou xerose

Ocorre na maioria dos pacientes e é acompanhada por descamação leve a moderada. Acredita-se que seja devido a alterações no metabolismo lipídico e aumento da permeabilidade à água na epiderme.

Isso leva a problemas para a hidratação natural da pele. De fato, esses macronutrientes têm um papel importante na prevenção da perda de água sob o efeito da luz solar. Por isso há vermelhidão e é o sintoma que mais chama a atenção dos pais.

Eczema

Este termo refere-se a um conjunto de doenças da pele com causas muito diversas, além da atopia. A principal característica é a coceira na pele que aparece abruptamente.

É possível encontrar lesões muito diversas associadas ao eczema:

  • Descamação: é produzida pela perda da camada mais superficial da pele.
  • Inchaço (edema): caracterizado por retenção de líquidos localizada, típica de fenômenos inflamatórios. Às vezes é uma consequência de coçar.
  • Vesículas: são lesões dermatológicas primárias, pequenas, levemente elevadas e com pouco conteúdo líquido.
  • Bolhas: podem ser formadas pela confluência das vesículas.
  • Eritema: vermelhidão da pele.

Pitiríase alba

Esta condição é caracterizada por áreas hipopigmentadas de tamanho variável. Isso significa que as lesões adquirem um tom mais suave ou atenuado em comparação com a pele do paciente. Portanto, elas têm uma aparência esbranquiçada e são muito pálidas.

Geralmente são assintomáticos e seu aspecto tende a piorar quando há exposição à luz solar. Além disso, é mais comum em pacientes jovens do que em adultos e é encontrado em extremidades expostas ao sol.

Essas lesões são frequentemente confundidas com uma infecção fúngica conhecida como tinea versicolor, que tem as mesmas características, mas a coceira é adicionada. Faz parte dos diagnósticos diferenciais.

Coceira ou prurido

É uma sensação incômoda porque aparece progressivamente e não é totalmente aliviada por coçar. De fato, em muitos pacientes pode levar a lesões abertas que, se não forem limpas, levam à superinfecção bacteriana.

Algumas condições podem desencadear os sintomas, como estresse, consumo de alguns alimentos alergênicos e infecções em qualquer órgão.

Queilite

Este termo refere-se à inflamação dos lábios. Quando afeta a comissura da mesma é chamada de queilite angular. É muito irritante e pode se espalhar por toda a boca.

Nas épocas mais frias do ano, apesar de os outros sintomas da dermatite atópica não estarem presentes, os lábios podem ficar secos. Nesses casos, a prática habitual e espontânea de lubrificá-los com saliva tende a agravar o problema.

Causas da dermatite atópica

Esta condição é o resultado da interação entre fatores genéticos e ambientais. Devido à forte associação com a hereditariedade, é provável que a genética desempenhe um papel maior.

Existem mutações relacionadas com a dermatite atópica que afetam os genes associados à produção de filagrina, um constituinte muito abundante da queratina na epiderme. Além disso, outras mutações estão relacionadas ao bom funcionamento das células do sistema imunológico.

A exposição a substâncias externas que atuam como alérgenos é necessária para desencadear as crises. Ou seja, são capazes de induzir uma resposta imune exagerada que causa, como consequência, a alergia.

Diagnóstico de dermatite atópica

Devido à falta de testes diagnósticos diretos e suas manifestações muito características, a dermatite atópica costuma ser detectada clinicamente. Para isso, é importante fornecer ao médico informações sobre o histórico familiar de atopia e os diferentes sinais.

O especialista encarregado de diagnosticar e tratar essas doenças é o dermatologista, embora outros médicos (alergistas, médicos de família, pediatras ou internistas) também possam fazê-lo.

Como não existem exames complementares específicos disponíveis, é comum que o médico considere alguns diagnósticos diferenciais. Alguns dos mais comuns são os seguintes:

  • Dermatite seborreica: em estágios avançados pode gerar lesões avermelhadas (eritema) e descamação, semelhantes aos casos de dermatite atópica. No entanto, esta condição é caracterizada pela produção abundante de sebo.
  • Escabiose: é uma infecção parasitária causada pelo ácaro Sarcoptes scabiei que produz lesões elevadas muito pequenas e pruriginosas.
  • Pitiríase versicolor: é uma micose superficial (infecção fúngica) que se assemelha muito às lesões do tipo pitiríase alba que mencionamos.

Existe tratamento para dermatite atópica?

Sim, existe tratamento para dermatite atópica. Aqueles pacientes que tendem a ter recorrências da doença podem precisar de monitoramento contínuo com um alergista.

Medidas gerais

Quando a doença ocorre em bebês, é necessário levar em conta uma série de medidas que podem aliviar os sintomas ou prevenir o aparecimento deles. Isso inclui higiene frequente, aplicação de cremes emolientes (hidratantes) após o banho e priorização de banhos curtos. Também ajuda a evitar a exposição ao calor e alimentos ricos em histamina, como morangos, ovos e mariscos.

Medicamentos tópicos

Costumam ser usados em todos os casos, principalmente quando as lesões são muito localizadas e é fácil aplicar os cremes. As drogas mais utilizadas pelos dermatologistas são os esteroides, compostos derivados do colesterol. Estes têm potente atividade anti-inflamatória.

Alguns dos mais usados são a hidrocortisona e a triancinolona. Em algumas regiões, como face e grandes dobras corporais, outras drogas e indicações são necessárias devido à possibilidade de efeitos adversos.

Nos últimos anos, o uso de imunomoduladores tópicos, como o pimecrolimus, aumentou. Estes são capazes de regular a atividade dos linfócitos, diminuindo a resposta inflamatória da doença.

Dermatite nas pernas.
Os tratamentos podem ser locais ou por via oral. Em qualquer caso, as medidas higiênico-dietéticas são fundamentais.

Drogas sistêmicas

Esta última seção refere-se aos medicamentos que são ingeridos por via oral:

  • Anti-histamínicos: também conhecidos como anti-alérgicos, ajudam a diminuir sintomas como coceira e geralmente são administrados com esteróides tópicos. Loratadina e cetirizina são opções muito comuns.
  • Esteróides: os médicos podem indicar esses medicamentos por via oral em casos excepcionais, quando há má resposta ao tratamento tópico.
  • Imunomoduladores: como os medicamentos tópicos mencionados na seção anterior, esses medicamentos podem reduzir a resposta inflamatória. Eles não são de uso comum e também são reservados para casos especiais.

Controlar a dermatite atópica é uma questão de vida

A dermatite atópica requer uma abordagem intensiva, pois os sintomas são recorrentes e incômodos. A experiência de um dermatologista pode ser fundamental para escolher os tratamentos mais adequados a cada caso. A idade do paciente e as patologias concomitantes também devem ser consideradas.

De qualquer forma, as medidas iniciais são higiênico-dietéticas. Pequenas mudanças nas rotinas fazem uma grande diferença que as pessoas com a doença podem aproveitar.



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