Hemorróidas: sintomas, causas e tratamentos
As hemorróidas são uma das doenças mais frequentes que afetam milhões de pessoas em todo o mundo. É um grupo de veias inflamadas que causam diferentes sintomas e podem variar de um leve sangramento a fortes dores.
De acordo com vários estudos publicados, nos Estados Unidos 10 milhões de pessoas por ano são diagnosticadas com esta patologia. Os mais afetados são os caucasianos entre 45 e 65 anos, devido aos efeitos da constipação e do envelhecimento.
Essa inflamação pode aparecer em diferentes situações, porém todas têm como fator comum o aumento da pressão intra-abdominal. Atualmente, existem opções terapêuticas para tratá-las e, assim, eliminar seus sintomas.
O que são hemorróidas?
É uma inflamação sintomática das veias localizadas na parte externa do ânus ou no interior do reto. Elas são uma coleção de tecido vascular, conjuntivo e músculo liso que estão dispostos em colunas ao longo do canal retal.
De acordo com sua localização, podem ser classificadas em dois tipos. Essa classificação é de grande importância, pois influencia na sua apresentação e tratamento. Nesse sentido, as duas classes de hemorróidas são as seguintes:
- Internas: são aquelas localizadas acima da linha denteada, dentro do reto, recobertas pela mucosa retal.
- Externas: são aquelas localizadas abaixo da linha dentada, na pele que reveste o ânus, recobertas pelo mesmo tecido da pele.
Quais são as suas causas?
A causa precisa da protrusão de hemorróidas é desconhecida na maioria dos casos. É uma patologia que está em constante estudo e atualmente muitas supostas etiologias foram descartadas. Um exemplo disso são as varizes retais, que são uma condição diferente.
É considerada uma doença multicausal. Nesse sentido, diversas situações que aumentam a pressão intra-abdominal ou na região retal podem ser o fator desencadeante. Além disso, a fraqueza nos músculos da região pélvica também pode ter alguma influência.
Desta forma, entre as condições associadas ao aparecimento de hemorróidas, destacam-se as seguintes:
- Gravidez.
- Constipação.
- Levantamento constante de objetos pesados.
- Envelhecimento devido à fraqueza nos músculos pélvicos.
- Estar acima do peso ou ser obeso.
- Consumo regular de álcool.
- Sexo anal frequente.
Por outro lado, vários estudos excluíram o impacto de alguns fatores de risco, inclusive a atividade sexual em mulheres com menos de 40 anos de idade. Nesse sentido, não foi comprovada a relação entre a prática sexual vaginal e o aparecimento de hemorróidas.
Sintomas de hemorróidas
Os sintomas apresentados por um paciente podem variar dependendo do tipo de hemorróidas. A principal diferença estará na dor, já que as hemorróidas internas não são dolorosas porque a área tem uma inervação sensitiva pobre.
Desta forma, os sinais apresentados por pessoas com hemorróidas internas são os seguintes:
- Sangramento durante a defecação sem dor.
- Sensação de ocupação retal.
- Em casos graves pode haver prolapso retal e causar dor ao toque.
No caso das hemorróidas externas, os sintomas apresentados são maiores e podem incluir as seguintes condições:
- Protrusão de um nódulo visível.
- Dor na região do ânus.
- Coceira na região anal.
- Sangramento ao defecar.
- Sensação de ocupação retal ou esvaziamento incompleto.
Como é feito o diagnóstico?
Para confirmar a presença de hemorróidas externas, é necessária apenas a observação direta da área, pois o nódulo geralmente se projeta. Em muitas ocasiões, os pacientes podem inferir sua presença sem a necessidade de observação médica, devido à dor gerada.
Por outro lado, as hemorroidas internas são mais difíceis de diagnosticar, já que o sintoma mais evidente costuma ser o sangramento. Nestes casos é necessário ir ao médico, que deverá descartar a presença de patologias mais graves, como uma fístula anal. Para isso, geralmente são indicados exames como anuscopia ou colonoscopia.
Qual é o tratamento para hemorróidas?
Felizmente, hoje existem várias opções terapêuticas disponíveis para tratar esta doença tão comum. A metodologia a seguir irá variar dependendo da gravidade e recorrência que o paciente apresentar. Nesse sentido, o tratamento pode ser sintomático ou requerer um processo cirúrgico.
Tratamento sintomático
As hemorróidas podem não ser tão graves e podem desaparecer por conta própria, portanto, o tratamento sintomático geralmente é mais do que suficiente. Nesse sentido, os emolientes fecais podem ser indicados a fim de melhorar o fluxo intestinal e reduzir a constipação.
Banhos de assento quentes por 10 minutos após a evacuação ajudam a reduzir a dor e o inchaço. Quando o desconforto é muito intenso, podem ser aplicadas pomadas com anestésicos, como a lidocaína, e anti-inflamatórios não esteroides por via oral, como o ibuprofeno.
Procedimentos cirúrgicos
Quando uma pessoa tem hemorróidas internas é necessário realizar um procedimento cirúrgico. No caso de não ser tão grave, ou seja, estar no grau 1 ou 2 de sua classificação, pode-se realizar uma abordagem ambulatorial no consultório médico.
Um dos procedimentos mais utilizados é a escleroterapia injetável. Consiste na aplicação de fenol 5% na área com óleo vegetal para estancar temporariamente o sangramento.
Outro método usado é a ligadura elástica, na qual a hemorróida é perfurada e comprimida regularmente até que o tecido morra e se solte. Normalmente são necessárias 5 ou 6 sessões para alcançar os resultados desejados e várias saliências podem ser amarradas ao mesmo tempo.
Cirurgia
A ressecção cirúrgica do tecido só será indicada em pacientes com hemorróidas internas graves ou que não respondem a tratamentos anteriores. Trata-se de um procedimento cirúrgico de poucos riscos e que visa a eliminação definitiva de todos os tecidos afetados.
Apesar de ser um procedimento rápido e com poucas complicações, a dor pós-operatória é muito comum, assim como a constipação e a retenção urinária.
Como prevenir hemorróidas?
As hemorróidas são uma doença multicausal na qual vários fatores de risco estão envolvidos. Portanto, existem várias medidas que podem ser aplicadas para prevenir o seu aparecimento. Dentre as indicações que podem ser seguidas, destacam-se:
- Aumentar a ingestão de fibras para melhorar o trânsito intestinal.
- Beber pelo menos 2 litros de água durante o dia.
- Não fazer esforços excessivos durante a defecação e evite segurar a vontade.
- Não ficar sentado por muito tempo.
- Fazer exercício físico de forma regular.
Seguir essas práticas simples, mas eficazes, geralmente é suficiente para reduzir a possibilidade de sofrer da patologia. É importante consultar um médico imediatamente quando houver suspeita de protrusão de hemorróidas, especialmente se forem internas, pois o prolapso retal é uma complicação grave.
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