Descolamento de retina: sintomas, causas e tratamento
O olho humano é composto por várias camadas, sendo a retina uma das mais importantes. A visão depende da sua capacidade para captar os feixes de luz e transmiti-los através do nervo óptico. Você tem interesse em saber quais são os sintomas, as causas e o tratamento para o descolamento de retina? A seguir, vamos contar tudo para você.
A retina é um tecido neurossensorial localizado dentro do globo ocular. Ela funciona por meio de um delicado sistema de receptores e transdutores nervosos. Falamos de descolamento quando a retina se separa da parede posterior do globo ocular, alterando o seu funcionamento.
Mundialmente, é observado 1 caso positivo para cada 10.000 pacientes por ano, o que tem como resultado uma indecência média de 0,01%. Por exemplo, em 2016, foram identificados mais de 100.000 casos de descolamento de retina na Espanha.
Sintomas do descolamento de retina
As manifestações clínicas do descolamento de retina geralmente aparecem de forma rápida e abrupta, ao contrário de outras patologias, como a presbiopia. Em geral, os sintomas dependem do agente causador e do comprometimento da camada retiniana.
O principal sintoma é o comprometimento da acuidade visual, que pode variar desde a visão turva até a perda da visão. Da mesma forma, os pacientes com descolamento de retina geralmente apresentam os seguintes sintomas:
- Sombras ou cortinas no campo visual.
- Flashes de luz ou fotópsias.
- Corpos escuros flutuantes ou miodesopsias.
- Dificuldade para focar objetos ao redor.
Na maioria dos casos, a pessoa não sente dor ocular. Da mesma forma, os flashes de luz e corpos flutuantes nem sempre indicam uma patologia visual grave e são comuns em pacientes idosos. No entanto, é vital procurar um especialista imediatamente para garantir o tratamento oportuno.
Qual é a causa?
A patogênese envolvida no descolamento de retina está associada a rupturas da camada retiniana, bem como a fenômenos exsudativos ou de tração. Eles enfraquecem e criam lacunas entre a retina e a parede do globo ocular, que causam o descolamento.
A causa mais comum é a retração do corpo vítreo posterior. Este fenômeno arrasta parte da retina, causando lesões que vão induzir o descolamento. Uma vez completamente separada, ela não funcionará corretamente, produzindo a visão turva e as manchas escuras no campo visual.
Da mesma forma, essa patologia também pode surgir como resultado de processos traumáticos no crânio ou nos olhos. De fato, alguns estudos atribuem 20-30% dos casos ao trauma contuso. Além disso, também pode ser condicionada por alterações na formação e desenvolvimento do globo ocular, procedimentos cirúrgicos e processos tumorais.
Fatores de risco para o descolamento de retina
Em geral, os fatores de risco estão associados a fenômenos ou situações que alteram a estrutura de adesão e suporte da retina. São o resultado de variáveis individuais, patologias subjacentes e agentes externos condicionantes, entre os quais foram identificados os seguintes:
- Ter mais de 50 anos de idade.
- Usar óculos para objetos distantes.
- Cirurgia para correção de glaucoma.
- Consumo de medicamentos que reduzem o tamanho da pupila, como a pilocarpina.
- Histórico de laceração no olho contralateral.
- Parentes que sofreram descolamento de retina.
- Cirurgia para correção de catarata.
- Golpes de alta intensidade na cabeça.
- Fazer grande esforço físico, como, por exemplo levantar objetos pesados.
Da mesma forma, doenças como pré-eclâmpsia, glomerulonefrite e diabetes avançado aumentam o risco de desenvolver essa condição. Além disso, doenças neoplásicas benignas e malignas nas estruturas do globo ocular estão associadas a uma maior incidência porque enfraquecem a retina.
Diagnóstico
A identificação do descolamento de retina requer uma avaliação abrangente pelo médico especialista a partir dos sintomas oculares indicados pelo paciente durante o questionário. No entanto, o teste padrão para o diagnóstico dessa patologia é a oftalmoscopia indireta com dilatação pupilar prévia.
Ela permite avaliar todas as estruturas internas do olho, bem como determinar a integridade e adesão da camada retiniana. Em alguns pacientes, podem ser observadas hemorragias vítreas que colorem a retina com um tom escuro. Além disso, geralmente há a formação de novos vasos sanguíneos em doenças sistêmicas desencadeadoras, como o diabetes.
Por outro lado, a oftalmoscopia direta também pode ser de utilidade diagnóstica. No entanto, ela pode omitir lesões ou descolamentos de retina localizados na periferia do globo ocular.
Tratamento do descolamento de retina
Os pacientes diagnosticados com essa condição devem ser tratados imediatamente para evitar maiores danos ao globo ocular, levando à perda da visão.
O protocolo terapêutico é cirúrgico e tem como objetivo solucionar a lesão estrutural, com laser ou crioterapia, e colocar a retina em contato com a superfície posterior do olho.
Os procedimentos cirúrgicos mais comuns no tratamento do descolamento de retina são os seguintes:
Vitrectomia
É realizada a remoção e substituição do corpo vítreo que retrai a retina por uma delicada bolha de óleo, gás ou ar. Esta última será responsável por posicionar e manter a retina no lugar durante o tempo necessário para que ela cicatrize adequadamente.
Uma vez realizado o procedimento, o paciente não poderá viajar para locais com grande altitude ou realizar atividades de mergulho. Elas induziriam a expansão da bolha dentro do olho, causando um aumento repentino da pressão intraocular.
Retinopexia pneumática
O especialista colocará uma bolha de gás dentro do globo ocular que vai fixar a retina na parede posterior. Após alguns dias, o olho produzirá um líquido que substituirá a bolha de gás gradualmente. Após o procedimento, o médico pedirá para manter a cabeça fixa em uma determinada posição para promover a cicatrização.
Introflexão escleral
É colocada uma faixa de borracha macia na parte externa do globo ocular, que será responsável por pressionar o olho para dentro. Isso permitirá que a retina descolada possa se aderir à parede mais facilmente. Na maioria dos casos, essa faixa fica no olho de forma permanente.
Quando procurar um médico?
O prognóstico para o descolamento de retina geralmente depende da gravidade e da localização da lesão. A resolução cirúrgica geralmente oferece excelentes resultados; no entanto, eles dependem do cuidado e do manejo oportuno da condição.
Diante de sintomas oculares incômodos associados à alteração da acuidade visual, é preciso procurar um médico imediatamente. Ele se encarregará de prestar o atendimento oportuno e de estabelecer o protocolo de tratamento necessário de acordo com a gravidade do caso.
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