O que é endocardite?

A endocardite é uma doença grave que pode afetar significativamente o funcionamento do coração. Infelizmente, ela tem consequências mortais se não for tratado a tempo.
O que é endocardite?

Última atualização: 30 março, 2023

As doenças cardiovasculares são responsáveis por um grande número de mortes em todo o mundo. Essas alterações podem afetar qualquer parte do coração. No entanto, existe uma doença chamada endocardite que pode afetar o revestimento interno do órgão. Você quer saber mais sobre ela? Continue lendo!

O que é endocardite?

É uma doença cardíaca causada pela inflamação de uma parte do coração chamada endocárdio. O endocárdio nada mais é do que o revestimento interno das câmaras e válvulas do coração. A patologia costuma ser muito séria e põe em perigo a vida das pessoas.

A inflamação do endocárdio pode ocorrer por vários motivos, embora a causa mais comum seja uma infecção bacteriana. Portanto, a doença também é conhecida como endocardite infecciosa.

A patologia pode afetar pessoas de qualquer idade e sexo. No entanto, estudos afirmam que é mais comum em homens, que representam até 80% dos casos. Além disso, sua frequência é maior em pessoas entre 27 e 37 anos.

Tipos de endocardite

Febre na endocardite
Muitos casos de endocardite prolongam-se no tempo devido às dificuldades diagnósticas da doença.

Esta doença pode ser classificada de acordo com sua evolução. A endocardite pode ser aguda, subaguda e em válvulas protéticas, cada uma com uma gravidade diferente.

  • Endocardite subaguda: é uma forma de desenvolvimento progressivo que progride lentamente, podendo passar meses antes que os sintomas apareçam. Essa infecção é agressiva, porém dá ao médico algum tempo para agir e iniciar o tratamento.
  • Endocardite aguda: consiste em uma endocardite agressiva e de evolução rápida, de modo que os sintomas aparecem em poucos dias. Nesse caso, é possível identificar a porta de entrada dos microrganismos e pode afetar válvulas normais e anormais.
  • Endocardite de prótese valvar: é aquela que surge no primeiro ano após a troca valvar. As infecções mais próximas ao procedimento estão associadas a bactérias com resistência aos antibióticos, por isso são mais graves.

Sintomas

A endocardite infecciosa é caracterizada pela formação de vegetações nas válvulas cardíacas ou no tecido adjacente a elas. As vegetações são produzidas por um acúmulo de coágulos sanguíneos e bactérias, que afetam a função das válvulas.

Os principais sintomas sistêmicos surgem devido à disfunção da válvula afetada e à própria infecção. Nesse sentido, as pessoas podem experimentar algumas das seguintes manifestações clínicas:

  • Febre, geralmente com 2 semanas de evolução.
  • Dores musculares e articulares
  • Suor noturno.
  • Fadiga.
  • Perda de peso.
  • Aumento da frequência cardíaca.
  • Dificuldade para respirar.
  • Petéquias (pequenas lesões cutâneas avermelhadas que correspondem a micro-hemorragias).
  • Aparecimento de sopro cardíaco de intensidade variável.
  • Anemia.

Alguns estudos estabelecem que até 90% dos pacientes apresentam apenas febre, fadiga e perda de peso. Por sua vez, a endocardite também apresenta alguns sinais característicos, como as lesões de Janeway, que são petéquias localizadas nas mãos e nos pés. Os nódulos de Osler (semelhantes, mas ligeiramente maiores) também podem ser vistos nesta doença.

Possíveis complicações

A endocardite é uma doença muito perigosa que deve ser tratada o mais rápido possível para evitar o aparecimento de complicações em outros órgãos. A maioria das complicações resulta do desprendimento de um pedaço de vegetação, que pode obstruir a luz de um vaso sanguíneo.

Levando isso em consideração, as principais complicações da endocardite incluem o seguinte:

  • Danos irreversíveis às válvulas cardíacas.
  • Doença cerebrovascular (DCV).
  • Abcessos no coração e outros órgãos.
  • Tromboembolismo pulmonar.
  • Pneumonia e empiema.
  • Danos nos rins.

Causas de endocardite

Como mencionado anteriormente, a doença se deve a uma infecção bacteriana do endocárdio na maioria dos casos. Os germes mais frequentemente implicados na infecção são estreptococos e Staphylococcus aureus. Um grupo de microorganismos chamados bactérias HACEK também são agentes causadores frequentes.

A bactéria que causa a endocardite vem de uma infecção distante, como um abscesso cutâneo ou amigdalite. Elas invadem a corrente sanguínea, atingem o coração e geram a infecção característica.

A penetração de bactérias no sangue ocorre mais freqüentemente através da pele, mucosa ou trato respiratório. É importante observar que a endocardite também pode ser causada por vários fungos ou vírus que entram na corrente sanguínea, embora sua frequência seja muito menor.

Por outro lado, existem causas não infecciosas de endocardite. É devido à formação de trombos estéreis compostos por plaquetas e fibrina que aderem às válvulas, bem como ao endocárdio.

Fatores de risco

A endocardite pode afetar pessoas de qualquer idade, porém, são múltiplas as situações que predispõem as pessoas a sofrer com a doença. Um dos maiores fatores de risco são os problemas nas válvulas, principalmente os causados pela febre reumática.

Outros fatores que aumentam a probabilidade de endocardite infecciosa incluem o seguinte:

  • Idade avançada.
  • Uso de cateteres por muito tempo.
  • Uso de drogas injetáveis.
  • Doenças cardíacas congênitas.
  • Execução de procedimentos médicos ou odontológicos invasivos sem medidas de higiene adequadas.
  • Dispositivos cardiovasculares implantados.
  • Histórico de endocardite.
  • Válvulas cardíacas artificiais.

Diagnóstico de endocardite

Endocardite é difícil de diagnosticar
Após um exame físico detalhado, o cardiologista pode realizar um ecocardiograma para confirmar as anormalidades típicas de endocardite.

A endocardite é suspeitada pela equipe médica quando a febre está presente por um longo período sem um sinal óbvio de infecção. A suspeita é mais evidente se houver sopro cardíaco associado e história de doenças cardiovasculares.

O diagnóstico de endocardite é confirmado com hemocultura e ecocardiograma. A hemocultura consiste em colher sangue e expor a um meio especial para isolar o germe patogênico.

Por sua vez, o ecocardiograma permite ao especialista confirmar a presença de vegetações nas válvulas cardíacas. Também permite observar o funcionamento do coração e determinar a gravidade da situação.

Tratamento

O principal tratamento da endocardite infecciosa é o uso de antibióticos intravenosos em altas doses. O antibiótico a ser usado dependerá da bactéria que causa a infecção. Além disso, o tratamento é longo, podendo durar entre 2 e 8 semanas.

Por outro lado, as infecções fúngicas devem ser tratadas com um antifúngico específico, dependendo do agente causador. O tratamento, neste caso, também é realizado por via intravenosa, em altas doses e por várias semanas.

O pessoal médico deve tratar qualquer infecção ou complicação adjacente. Nesse sentido, os abscessos cutâneos devem ser drenados, o tecido necrótico desbridado e todos os dispositivos infectados devem ser removidos.

Algumas pessoas podem precisar de cirurgia para substituir a válvula danificada ou para tratar infecções persistentes. Além disso, algumas endocardites causadas por fungos requerem cirurgia para obter a remissão da doença.

Uma doença que merece atenção imediata

A endocardite é uma doença infecciosa caracterizada pela presença de vegetações nas válvulas cardíacas. Os sintomas da doença são geralmente muito gerais, dificultando o diagnóstico na maioria dos casos.

Infelizmente, é uma condição grave e muito agressiva que requer atenção médica imediata. Nesse sentido, é fundamental consultar um especialista se você sofre de febre de origem desconhecida há muito tempo. Apenas o pessoal médico é treinado para tratar a doença e prevenir complicações.



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