Infecções vaginais: tipos, sintomas, causas e tratamentos

Muitas mulheres em todo o mundo sofrem de infecções vaginais que afetam sua vida diária. Aqui estão os tipos, as causas e os sintomas para que você possa diferenciá-las.
Infecções vaginais: tipos, sintomas, causas e tratamentos

Última atualização: 05 julho, 2023

As infecções vaginais são um problema bastante comum nos consultórios de ginecologia. Produzem grande desconforto físico e psicológico em quem as sofre, afetando diversas áreas da vida da mulher.

É importante lembrar que a vagina possui uma flora normal composta por diferentes microrganismos que a protegem dessas patologias. Além disso, possui uma camada mucosa com pH ácido que impedirá o crescimento excessivo de bactérias e germes.

Esses tipos de condições podem afetar a parte interna e externa dos órgãos genitais. Além disso, se não forem tratadas a tempo, pioram e geram complicações. Quando são sofridas por mulheres grávidas, podem ter consequências graves, por isso é fundamental saber identificá-las.

Por que ocorrem as infecções vaginais?

Por muitos anos o aparecimento de infecções vaginais esteve ligado ao ato sexual ou à falta de higiene. No entanto, existe um grande número de fatores que são capazes de alterar a flora normal da vagina ou seu pH, favorecendo assim o aparecimento da infecção.

Nesse sentido, essas condições não possuem causa aparente além do próprio agente etiológico. No entanto, intervém no seu aparecimento uma série de situações predisponentes, entre as quais podemos destacar as seguintes.

Falta de higiene

Esta é uma das causas mais frequentes de infecção vaginal. A higiene íntima inadequada favorecerá o crescimento de bactérias, que serão a causa da patologia.

Vale ressaltar que a higiene excessiva também não é benéfica. Vários elementos, como os sabonetes vaginais, são capazes de alterar o pH da região quando usados em excesso.

vaginose bacteriana.
O crescimento excessivo de bactérias vaginais comuns pode resultar em uma patologia ginecológica.

Usar roupas íntimas apertadas

Roupas íntimas muito apertadas impedem a ventilação da área genital, favorecendo a umidade. Esse excesso de umidade favorece a proliferação de fungos e bactérias que, ao atingir o limite de colonização, vão causar infecção.

Compartilhar de itens de higiene pessoal

A flora vaginal é diferente em cada mulher, portanto, um microrganismo que para algumas é inofensivo pode causar estragos em outras. Nesse sentido, ao compartilhar itens de higiene pessoal ou roupas íntimas, bactérias, fungos e parasitas podem permanecer aderidos à superfície e entrar no organismo.

Uso de antibióticos

Os antibióticos de amplo espectro são capazes de afetar a flora vaginal, eliminando certas bactérias benéficas. Isso favorecerá a multiplicação excessiva de outros microrganismos, alterando o microambiente habitual e produzindo uma infecção.

Não trocar a camisinha

Ao ter relações anais e depois vaginais, é importante substituir o preservativo no processo. Caso contrário, os germes intestinais podem ser transportados para a vagina, o que pode levar a infecções muito graves do trato genital.

Alterações hormonais

Várias situações fisiológicas, como gravidez ou menopausa, costumam causar alterações nos níveis de estrogênio. Isso resulta em uma alteração no pH vaginal normal, o que estimula o crescimento de microrganismos patogênicos.

Tipos de infecções vaginais

Para estudar as várias infecções vaginais, é conveniente dividi-las de acordo com o agente causador. Todos elas terão características diferentes e em hipótese alguma devem ser tratadas da mesma forma.

Vaginose bacteriana

Este tipo de infecção é produto de um crescimento excessivo de bactérias, que geralmente são encontradas em menor grau em condições normais. Essa é a forma de apresentação mais frequente em mulheres entre 15 e 44 anos, segundo dados do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).

Os agentes etiológicos são muito variados. Uma das mais comuns é a Gardnerella vaginalis, principalmente em gestantes, com frequência de até 32%. Em casos extremos, a infecção pode afetar o bebê através da placenta e causar complicações na gravidez.

Infecção fúngica

As infecções de origem fúngica são caracterizadas por uma proliferação de fungos, sendo a mais comum de todas as candidíases. Estima-se ainda que 3 em cada 4 mulheres sofrerão de candidíase vulvovaginal pelo menos uma vez na vida, sendo Candida albicans o agente causador mais comum.

Vaginite por Trichomonas

A vaginite por Trichomonas aparece quando há a presença de um parasita chamado Trichomonas vaginalis. Ele pode ser encontrado na flora habitual, mas também é adquirido por contato sexual ou pelo compartilhamento de itens de higiene pessoal.

Infecções sexualmente transmissíveis

Muitas doenças sexualmente transmissíveis (DST) podem apresentar os mesmos sintomas de outras infecções vaginais. Nesse sentido, patologias como gonorréia, clamídia e herpes podem causar confusão. No entanto, elas devem ser diferenciadas rapidamente e receber tratamento adequado.

Sintomas de infecções vaginais

De um modo geral, todas as infecções vaginais causam vaginite, ou seja, inflamação da vagina. Nesse sentido, a clínica será bastante semelhante em todos elas, podendo afetar tanto a parte interna quanto a externa do aparelho reprodutor. Entre os sintomas apresentados estão os seguintes:

  • Irritação, dor e vermelhidão da área genital.
  • Mudanças no corrimento: na cor e na quantidade.
  • Dor: ao urinar ou durante a relação sexual.
  • Prurido: coceira vaginal.

O segredo para identificar a forma de apresentação da infecção está na alteração do corrimento vaginal, pois cada uma delas produzirá alterações específicas em sua textura, cheiro e cor. Portanto, é necessário saber as diferenças:

  • Vaginose bacteriana: Neste caso, o corrimento vaginal terá uma textura fluida, semelhante à habitual. No entanto, terá uma cor acinzentada e um odor que lembra o de peixe.
  • Infecção fúngica: Quando se trata de infecção por fungos, o corrimento vaginal será branco e espesso, semelhante ao queijo cottage. No entanto, não terá nenhum odor.
  • Vaginite por tricomoníase: O corrimento vaginal será amarelo-esverdeado com um odor bastante desagradável que, na maioria dos casos, geralmente é espumoso.

Tratamento de infecções vaginais

Mulher com infecção vaginal.
Dor e coceira são sinais comuns de infecções vaginais, portanto podem ser o primeiro sinal.

O tratamento desse tipo de infecção será focado na eliminação do agente etiológico. Por isso, é fundamental ir ao médico para fazer o diagnóstico preciso e indicar o tratamento terapêutico a seguir. Nesse sentido, o tratamento das infecções vaginais pode ser o seguinte:

  • No caso de vaginose bacteriana, recomenda-se o uso vaginal de clindamicina ou metronidazol gel ou creme. Se a infecção for muito grave, pode ser reforçada com a ingestão oral de antibióticos.
  • Quando se trata de candidíase ou qualquer infecção fúngica , o clotrimazol deve ser administrado por via vaginal. Além disso, o tratamento pode ser reforçado com a administração oral de fluconazol ou itraconazol.
  • Para tratar a vaginite por tricomoníase, o metronidazol deve ser tomado por via oral e um check-up constante deve ser mantido, pois os antissépticos tópicos geralmente são ineficazes.

Deve ser lembrado que o tratamento pode variar dependendo do paciente e da gravidade da infecção. Quando os sintomas causam muito desconforto, o especialista pode prescrever diversos medicamentos com o objetivo de diminuir seu impacto. Por outro lado, também é possível que sejam prescritos compostos para reequilibrar o pH vaginal e restaurar a flora normal.

Medidas preventivas e atenção imediata são importantes

Quando se trata de infecções vaginais, o melhor a fazer é preveni-las. Na maioria dos casos, o controle dos fatores de risco será suficiente e a recorrência da patologia será bastante reduzida.

Por outro lado, se você suspeitar da existência de uma infecção, deve consultar um médico imediatamente, principalmente se estiver grávida. Muitas infecções podem piorar rapidamente e causar complicações graves no feto.



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